03 maio 2017

AS MEMÓRIAS DE UM MINISTRO DAS FINANÇAS IMPERTINENTE

O livro das memórias da passagem de Yanis Varoufakis pela pasta das finanças gregas acabou de ser publicado em inglês. Tem por título Adultos na Sala, numa referência alusiva a uma famosa expressão a seu respeito, que se ouviu certo dia empregue por Christine Lagarde do FMI a comentar o resultado das negociações dos credores com a Grécia (no vídeo abaixo, montado pela Euronews há cerca de dois anos, aparecem com o comentário deselegante de Lagarde todos os nossos amigos de Bruxelas, a começar por Jeroen Dijsselbloem e a rematar por um compostinho ministro das Finanças da Finlândia, que evidentemente concorda com as opiniões anteriores). O subtítulo do livro é mais esclarecedor: a minha batalha contra o establishment europeu mais profundo.

Diga-se que, se se tratou de uma história de David contra Golias com o desfecho injusto, conforme a quiseram descrever, este David foi muito menos ingénuo e muito menos modesto do que havia sido o original bíblico. Alguém gizou na época dos maiores embates (reuniões) entre Grécia e credores uma estratégia mediática à volta do ministro das Finanças grego que o transformou no contraponto público aos poderes fácticos da União Europeia. Tornou-se um fenómeno de popularidade (abaixo) sujo sucesso fiquei sem saber a quem dever atribuir, se à vaidade do próprio, se a uma confederação de poderes que se opunham aos fácticos mencionados anteriormente. Talvez a edição deste seu livro de memórias possa mo vir a esclarecer...
É evidente que, tendo sido publicadas hoje, ainda não li o livro de Varoufakis. Mais, nem sei se terei, confesso, disposição para o fazer. No entanto já tive oportunidade de ler uma recensão que, publicada no The Guardian, é moderadamente simpática para com o autor. Algumas das revelações do livro nem são novidade: que Merkel e Sarkozy sabiam que o colapso financeiro da Grécia arrastaria atrás de si os principais bancos dos seus próprios países. Mas o que me interessa sobremaneira é a dimensão do interesse mediático que este livro possa suscitar. Houve a época abrangida pelo livro em que a Grécia pareceu o país mais importante da Europa. Ao longo de 2015 um opinion-maker cá do burgo como José Manuel Fernandes dedicou-lhe pelo menos 12 artigos (abaixo). Depois a Grécia saiu de moda. Ao longo de 2016 esse mesmo opinion-maker dedicou-lhe 0 (zero) artigos. Vamos lá a ver se a publicação deste livro combinado o vedetismo de Varoufakis tem a capacidade de trazer a questão grega novamente para a ribalta e, já agora, voltamos a ler as reflexões dos opinion-makers.

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