06 março 2017

RÚSSIA NEGRA

Apesar de décadas a apoiar material e moralmente as lutas de libertação dos nacionalistas africanos, apesar dos muitos milhares de africanos negros que terão passado por universidades como a famosa Patrice Lumumba, aos observadores externos parece não ter subsistido qualquer grande ligação entre a Rússia e os países da África subsaariana.
Exemplo próximo, prosaico, mas concreto, disso, nas inúmeras referências que se fazem entre nós a Isabel dos Santos, a filha do presidente angolano, nunca vi tomada em consideração a sua ascendência materna (russa). E no entanto, como comprovam estas fotografias, as perturbações dos ciclos de estudos e/ou a relutância em regressar aos países de origem terão ocasionado a constituição, na Rússia...
...e provavelmente também no resto do antigo espaço soviético, de colónias africanas, das mais variadas proveniências, mas todas identificáveis pela cor da pele. Integrados do ponto de vista cívico (a fotografia acima mostra um grupo deles enquanto cumprindo o serviço militar), outra coisa é a sua integração na sociedade russa que essas coisas do marxismo-leninismo e do internacionalismo proletário têm muito de dialéctico quando tem de ser implementado dentro de portas.
Os esforços de alguns deles para se lançarem em carreiras políticas têm-se tornado notados pelo pitoresco, caso acima de Vassily Crima, oriundo da Guiné-Bissau, que teve uma infeliz (4,75%) candidatura a governador de distrito em 2009, ou então, o beninense de origem Jean Sagbo, que se tornou em 2010 o primeiro afro-russo a ser eleito para um cargo (vereador) numa cidade do distrito de Tver (abaixo). Estes concorrentes costumam ser alcunhados, previsível e inimaginativamente, por o Obama russo. Mas a verdade é que não se antevê para breve o aparecimento de um Mandela de Moscovo...

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