12 novembro 2016

DUNQUERQUE E ALCÁCER QUIBIR

O que se conclui essencialmente deste livro acima, é que os alemães venceram a campanha de Maio e Junho de 1940. Isso é factual e indesmentível. Derrotaram os exércitos francês, britânico e belga. A França e a Bélgica renderam-se e o Reino Unido não teve que o fazer apenas por causa da geografia e do Canal da Mancha. Mas a culpa da derrota não foi dos britânicos. Muito pelo contrário. Os seus historiadores conseguem guardar o segredo de produzirem narrativas eivadas de uma nobreza verbal impar, especialmente quando se trata de derrotas e de retiradas. A responsabilidade das asneiras ficam todas guardadas para os aliados*. Parafraseando Barbara Tuchman: Entre os britânicos, todos são esplêndidos: os soldados mostram-se firmes, os comandantes mantêm o sangue-frio e a luta revela-se magnífica. Por maior que seja o fiasco nunca se perde o auto-domínio. Os erros, as falhas, a estupidez e outras causas para os fiascos misteriosamente desaparecem. Os desastres são narrados com cuidado e orgulho, transformando-se em feitos de armas de que há que se orgulhar. Estas histórias oficiais registam tudo com um preciosismo infinito, mas esse detalhe serve apenas para obscurecer a imagem geral do que aconteceu. O que devíamos fazer era contratar um tipo destes para nos reescrever a batalha de Alcácer Quibir. Em vez do aspecto lúgubre quando filmado pelas câmaras de Manuel de Oliveira (abaixo), com um roteiro como o de cima, 4 de Agosto de 1578 passava a ser um dia de júbilo nacional.

* Como acontece também connosco com a perspectiva britânica da Batalha de La Lys (9 de Abril de 1918).

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