21 março 2016

O CARNAVAL DO «CHABAL»

No calendário o Carnaval é para ser festejado durante três dias, mas naquele caso não era bem isso que acontecia. Para a Turma D, tornara-se assim como uma espécie de tradição que o Carnaval, especialmente naqueles seus aspectos mais pirotécnicos, durasse todo o 2º período, prolongando-se até às férias da Páscoa. Desde Janeiro começavam os testes, complexos, de bombas cada vez mais potentes, cuja potência era medida pelos tostões que custavam (15 tostões, 25 tostões, cinco escudos...) acompanhados de ensaios sobre pavios cada vez mais engenhosos, cujo estado da arte do retardamento acabou por ser um daqueles cigarros português suave sem filtro depois de aceso, que garantia uns bons quinze minutos de alibi antes de explodir no pleno silêncio das aulas em curso, tendo certo dia quase causado uma síncope ao desprevenido Dondon. Enfim, no domínio do petardismo o PRP-BR da Isabel do Carmo não faria melhor e não se pensava nisso assim, mas, consideradas as simpatias políticas dos actores principais, formar-se-iam ali quadros para uma organização terrorista de extrema-direita e/ou anarquista caso ela tivesse sido necessária.
O clímax deste experimentalismo, ocorreu certo dia quando alguém sugeriu ao patrocinador-mor que se estudasse os efeitos de tais detonações quando realizadas em meios líquidos... Como? Porque não encher um lavatório com água e largar lá para dentro uma bomba impermeabilizada para ver o que acontece? O ensaio terá tido uma audiência muito menor do que mereceria, considerando a romaria que se formou para ir ver como ficara o lavatório após a experiência, mas contam os testemunhos dos membros da comissão de controlo de estragos que a explosão em si terá sido um desapontamento: não houve nenhuma coluna de água que se elevasse da superfície da água, encharcando os presentes; em contrapartida, foi do fundo do lavatório, súbita e amplamente esburacado, que se formaram uma espécie de cataratas espectaculares cujo único defeito foi durarem tão pouco até ao esvaziamento do lavatório, tornado definitivamente imprestável... Bem se sabe que os nossos conhecimentos gerais de Física eram uma lástima, tanto mais quanto propiciados por um pedagogo como o Semita, mas, que diabo, o senso comum chegava para desconfiar do que iria acontecer...
E saudades desse tempo porque, se fosse hoje e como se vê acima, o autor da proeza acabava identificado pela PSP...

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