20 fevereiro 2016

O MESMO TABULEIRO DE LUTA POLÍTICA

Temos que incorporar que as entrevistas dadas por um reaparecido (vindo da reforma) Domingos Abrantes e as opiniões emitidas em Bruxelas (mas amplificadas por cá) de Jeroen Dijsselbloem são actos de um mesmo tabuleiro de luta política. Longe vão os tempos em que os nossos jogadores de futebol se mostravam submissos e disponíveis para acatar as decisões do mister, sendo esta forma de tratamento a aceitação implícita da superioridade do que vinha do estrangeiro. Se nos treinadores de futebol as coisas se passam de maneira diferente, é difícil perceber porque é que nestes outros assuntos a compreensão dos mesmos ainda parece embotada por complexos de inferioridade. Se as declarações de Domingos Abrantes são a ressurreição do velho discurso hardcore dos comunistas moicanos, discurso a que os portugueses há muito estão habituados, há que realçar, por contraste, que as preocupações manifestadas por Dijsselbloem (ironicamente, eram os comunistas portugueses que as costumavam manifestar, no caso inquietações, nos seus formatados discursos), não passam das declarações normais quando vindas de um político que bem pode ver a sua carreira afectada pela forma como a situação evoluir em Portugal - na mesma onda que um qualquer político da oposição local. O que se está a passar com o orçamento português poderá ter repercussões importantes à escala continental como se pode ler no Público, através de um editorial de ontem ou da opinião de hoje de José Pacheco Pereira, ou ainda, numa perspectiva mais distanciada,na The Economist, num artigo intitulado Fudging the revolution (Adulterando a revolução), onde se pode ler no subtítulo Itália e Portugal estão a liderar uma revolta contra a austeridade da UE, mais ou menos. Convém perceber que Dijsselbloem é um político que, de fora, se opõe ao actual governo português cá dentro, apesar de pertencer à mesma família política e que Domingos Abrantes é um dos que, por causa do centralismo democrático, relutantemente o apoia (ao governo), mesmo pertencendo a outra família política.

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