14 dezembro 2015

...DO VALOR, LEALDADE E MÉRITO

A ser verdade a notícia de que o presidente Cavaco Silva irá condecorar aquele que foi durante oito anos o seu chanceler do conselho das antigas Ordens Militares, o general Rocha Vieira, com uma condecoração da Ordem da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, lá se me pareceu explicar a oportunidade e utilidade de uma outra Torre e Espada, que muito recentemente (Outubro) foi concedida por Cavaco Silva ao coronel Folques a pretexto dos seus distintos feitos militares em combate e apesar dos 40 anos que já decorreram depois do fim das guerras em África. A verdade é que, como se descobre, os princípios são sempre para se cumprir e não se devem abrir excepções, nem mesmo para os gajos porreiros. É razoável que haja um ciclo de dez anos depois das guerras acabarem para atribuição das medalhas verdadeiramente militares. Depois disso as condecorações tendem a tornar-se políticas¹. Se não se respeitarem essas regras, é o que se vê.
Porque estas coisas nunca são coincidências, nem acontecem por acaso... E ouve-se, a quem conhece bem Rocha Vieira (e que não gosta mesmo nada dele), que aquela campanha (velha de 15 anos!) que recorrentemente ressurge para que Ramalho Eanes seja promovido a marechal - e que o visado sempre veemente e repetidamente descartou - tinha como objectivo que no fim do processo houvesse não apenas um, mas dois marechais... Agora adivinhem quem?... E quem já conhece essa história está a ver aqui algo de muito semelhante, com o mesmo truque do precedente: a saída de Macau já ocorreu há 16 anos, mas quando se acabou de condecorar alguém com outra Torre e Espada por feitos ocorridos há mais de 40... Mas a palavra final disto tudo, não pode ser para as manigâncias de Rocha Vieira, tem de ir para Cavaco Silva: e o que se pode dizer mais dele?...

¹ Vale a pena contar aqui sumariamente e em rodapé, a história da Ordem Soviética da Vitória, uma condecoração em diamantes muito exclusiva outorgada apenas a 16 recipientes entre 1944 e 1945. A Vitória era, evidentemente, a da Segunda Guerra Mundial. Depois, em 1978 (ou seja 33 anos passados depois do fim da guerra), Leonid Brejnev (que adorava condecorações!) foi o 17º recipiente dessa condecoração exclusiva atribuída a marechais soviéticos ou por cortesia a homólogos aliados como Eisenhower e Montgomery, ou mesmo Tito. Acrescente-se que, o ridículo era tal que essa última condecoração a destempo foi oficialmente revogada ainda no período soviético por Gorbachev (1989).

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