23 outubro 2015

(COMO AS) HISTÓRIAS DE UM AVÔZINHO BABADO

Vai para quase cinquenta anos, a inauguração da ponte sobre o Tejo era acontecimento suficientemente recente para que o passeio de Domingo dos avós com o neto incluísse a sua travessia nos dois sentidos, para ir à outra banda, que fora sítio remoto até então. Ao regresso, a horas do lusco-fusco, quis o acaso que as luzes se acendessem precisamente na altura em que o carro passava, coincidência que o avô não quis deixar de aproveitar para impressionar o neto, em jeito de brincadeira: - Estás a ver? Fui eu que lhes dei ordens para que acendessem as luzes à nossa passagem. O miúdo, de uns cinco anos matreiros, assoma do banco de trás (quais cintos de segurança...) e cioso de uma verdadeira demonstração de autoridade, replica: - Ah é? Então mande-os lá apagar as luzes outra vez. O avô (que não era o meu...) contava esta história enternecido pela esperteza do neto. E, se me lembrei hoje desta história já tão antiga, foi por causa de algumas notícias que li, que dão os mercados a reagirem positivamente depois do anúncio por Cavaco Silva da indigitação de Passos Coelho. Justamente tão desconfiado quanto o puto, lembrei-me de como seria pertinente mandar o presidente indigitar hoje mais alguém, só para ver se os mercados e os analistas lhe obedecem realmente, como insistem em nos fazer crer.

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