29 setembro 2015

OS ADIVINHOS

É com imenso cepticismo que tenho seguido a adopção destes tracking polls que, de tantos e tão contraditórios, apenas têm contribuído para que exista um ruído noticioso, que pouco tem sido esclarecedor. Decidi reservar a minha atenção para a noite das eleições e para aquilo que Maria de Lurdes Rodrigues certo dia designou no parlamento por a contagem dos votozinhos. Gostei e guardei a expressão, tanto mais que ela provocou na altura um exuberante e muito criticado amuo de Ana Drago.

11 comentários:

  1. Eu também; fazendo figas para que os votozinhos não ajudem a trazer de volta o betãozinho, o negociozinho, o endividamentozinho, para que o futuro não redunde em mais empobrecimento e impostozinhos.

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  2. Esses eu já sei o que vão fazer. O que me assusta são os outros, os que lá estão e que eu não sei o que vão fazer a partir de agora, nem o dizem quando alguém lhes pergunta.

    Endividamentozinho? Deixaram o país mais endividado do que o herdaram. Empobrecimentozinho? O PIB diminuiu durante os anos que lá estiveram. Impostozinhos? Aumentaram em contraste com as proclamações de liberalismo, de menor estado e melhor estado que fizeram. Betãozinho? Acabaram com ele - um ponto a favor! - e substituíram-no por quê? Pelo programa VEM... que ainda não chegou.

    Para acreditar que a partir de agora, isso vai passar a funcionar (como? com o Sérgio Monteiro a mudar para a administração interna, privatizando a GNR, a PSP e as prisões?) é preciso ter uma grande fezada nas camisolas azuis e brancas (laranjas... laranjas...).

    Ao contrário do radicalismo que corre por aí, eu concebo perfeitamente que as pessoas votem no PàF, mas por razões sóbrias e com perspectivas muito sombrias. Depois, claro, há o Camilo Lourenço...

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  3. Caímos sempre no mesmo: "Esses eu já sei o que vão fazer".
    Que sorte a tua! Eu não sei, só posso suspeitar. O que é que vão fazer? Por que razão, em tanto tempo, nunca te esforçaste um bocadinho para me elucidar partilhando o teu juízo sobre "esses" e o seu "plano"?
    Será que, como já uma vez o escreveste, é mais fácil elaborar sobre discordâncias do que sobre concordâncias?
    E nas respostas que dás às tuas próprias interrogações, onde pára a critica que costumas fazer aos textos da Helena Matos por não serem tidas em conta as circunstâncias, heranças e condicionalismos das histórias que descreve?

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  4. Porque, desculpar-me-ás, tu não me pareces honestamente interessado em perceber o que será o hipotético - e "maléfico" - plano do PS para destruir Portugal. Sinceramente, para quê elucidar alguém que manifestamente já separou as diferenças políticas de uma forma maniqueísta?

    Por ti, o que o PS ainda não fez, vai fazê-lo garantidamente mal, e o que o PàF fez de mal, fê-lo devido às "circunstâncias". Não se pode ser igualmente exigente com aquilo que o PàF pretende fazer (e não especifica) e não se podem invocar atenuantes para a governação passada do PS?

    Pela imensa correspondência que trocámos, já percebi que não. Já vi que aquilo que te faz bulir são mesmo as "análises" ou os entusiasmos do Camilo Lourenço. Ora, se em vez de política, se tratasse de futebol, Camilo Lourenço seria um "paineleiro" daqueles dos programas de TV de 2ª Feira. Tudo depende da cor da camisola que se enverga. faz com que haja uma data de gente aí no Porto que esta época descobriu as virtudes de jogador do Maxi Pereira. Ora eu continuo a achar que ele continua o mesmo sarrafeiro de sempre... mas, percebe que eu não me vou cansar a explicar porque o continuo a considerar assim.

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  5. É que eu conheço quem seja maniqueísta de uma forma perfeitamente simétrica da tua, para quem a direita a ocupar o poder é a personificação da maldade e já desisti de lhes explicar que a eventual recondução do PàF no próximo Domingo não é o Apocalipse!

    ...mas é uma chatice, que eles bem estão precisados de fazer uma "cura de águas".

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  6. Há lençóis, e lençóis… Há os que servem como cordas de recurso, outros em que nos enrodilhamos em recriminações que, se passado algum tempo, acabamos por considerar excessivas ou mesmo injustas, fruto de reacção impulsiva e abrupta. Mas também podem ser usados às tiras…
    Atendendo precisamente à correspondência trocada - não apenas aqui -, mas sobretudo porque me conheces há muito e tens uma prodigiosa memória, sabes perfeitamente que nunca fui grande adepto de futebol nem tenho especial apreço pelo PàF. Qual a razão, então, para sistematicamente me responderes como se fosse um ferrenho portista ou pertencente à seita dos apodados “neoliberais”?
    Que tenho eu a ver com o Pinto da Costa, o Maxi Pereira, ou o João Pinto? Se não é uma forma de me chamares estúpido, parece. Sê-lo-ia menos se os nomes em causa fossem Filipe Vieira, João Pinto e Talisca? Qual o motivo para me colares a jornalistas do Observador ou ao Camilo Lourenço? Apenas porque sabes que, por vezes, refiro alguns dos seus artigos? Isso fará de mim padrinho ou fervoroso seguidor de tudo o que debitam? Sabes bem que não. Além de que os arremessas, vindos não se percebe de onde, em respostas a comentários em que os não refiro.

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  7. Resumindo, se preferes não ter comentários ao que vais postando a solução é fácil: avisas ou simplesmente não os colocas online, que será sinal suficiente. O blogue é teu. Mesmo que os coloques, não penso que seja inevitável que sistematicamente os faças seguir de outro da tua lavra. Mas, quando sobre eles elaboras, sobretudo quando isso parece ser ou pode ser tido como resposta, conviria que te ativesses ao que escrevi, como comentário, e não o contornasses trazendo à baila outros assuntos ou sujeitos que não estavam em causa.
    Em minha opinião, o que o PS ainda não fez mas fará, se tiver ocasião, será certamente mal feito. Porquê? Porque há todo um trilho já feito, um conjunto de caras que lhe estão ligadas e foram responsáveis por parte dele, e porque o “programa” apresentado tem medidas com que não concordo, sendo que algumas delas parecem apontar exactamente para o velho trilho. Posso estar enganado? Poder posso; mas nada me leva a duvidar desse meu feeling. Terás tu informações ou argumentos que o contrariem? Não o dizes; não queres dar-te a esse trabalho. Porque seria tempo perdido com um faccioso, um maniqueísta? ou porque também não os tens?
    Sim, considero que muitas das coisas que o “PàF” fez de mal, fê-lo devido às “circunstâncias”. Circunstâncias de herança, de situação de partida, de acordos e comprometimentos já assumidos pelo Estado, de um programa definido, calendarizado, quantificado e monitorizado pelos credores que era estreito, urgente, e praticamente sem folgas, de obstruções por parte do TC, do PR, da oposição, dos sindicatos, das corporações, dos funcionários públicos e pensionistas com os seus milhentos direitos adquiridos. Alguns dos erros cometidos eram inevitáveis? Não! Poderiam ter sido tentadas outras alternativas eventualmente menos custosas? Talvez. Mas alguém as sugeriu? Alguém se prontificou a colaborar no sentido de encontrar medidas alternativas que não pusessem em causa o atingimento dos objectivos e metas do programa? Não! Barafustava-se, simplesmente, e assegurava-se que não iríamos cumprir o programa, porque era incumprivel, porque iria gerar uma espiral recessiva que nos conduziria inevitavelmente a um segundo resgate, etc., etc.
    A “direita”, como vocês lhes chamam e eles aceitam (porque há ali inegavelmente uma corrente liberal demasiado vincada) não “destruiu o estado social” como se pressagiava (e isso quando teve as melhores condições para o tentar fazer, se realmente fosse essa a intenção) e terá agora ainda menos condições, se chegar a ser reeleita, porque ela própria diz já ter saído do estado de emergência (no que não acredito), porque não é essa a sua intenção (nem sequer terão maioria no parlamento, o que será mais um problema bicudo para tentar gerir) , e porque os mesmos do costume continuarão a vigiar todos os seus movimentos e decisões.
    Eu sei que há furões dentro do galinheiro. Mas também sei e confio na matilha que os vigia permanentemente do lado de fora, pronta a dar o alarme ao mais pequeno sinal. Mas prefiro saber que não passam de simples furões, a ter lá dentro uma alcateia inteira de velhas e matreiras raposas.

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  8. Se parece que é uma forma de te chamar estúpido, desculpa. Devia parecer que considero que uma confrontação de ideias lançada no modelo que o é não chega a lado nenhum.

    Tenho a preocupação de que o teor do que escrevo seja muito variado; porém, ultimamente, e talvez por causa das eleições, tenho dedicado tempo demasiado à pequena política - a que é importante para as eleições de Domingo. E em alguns casos tenho tido o prazer dos teus comentários. Normalmente são os casos em que "bato" no PàF.

    Postes em que critico o PS e Centeno por me parecer um reedição do Gaspar ou em que realço a "boa publicidade" que tem sido dada ao Bloco de Esquerda foram postes acerca da actual situação política que não te mereceram quaisquer observações. É o tal caso em que, há que reconhecer, parece mais fácil elaborar sobre discordâncias do que sobre concordâncias.

    Concretizando para o caso deste poste. o que eu disse foi que a discrepância nos resultados destes novos tracking polls despertam-me desconfiança. Fui recuperar uma expressão duma cena parlamentar que envolveu uma ministra do PS e uma deputada do BE. Pegaste no diminutivo para atacar a governação do PS (o betãozinho, o negociozinho, o endividamentozinho,...os impostozinhos). Não é que eles não mereçam, Mas estes também não têm muito de que se orgulhar - não te esqueceste que houve um plano em 2011 que prescrevia - já atendendo às "circunstâncias" - que o ano passado se atingiria um défice de 2,5% e uma dívida pública de 115% do PIB? Porque carga de água haveria de defender estes gajos? São assim tão melhores que os outros? Não são.

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  9. O que tu pensas está magistralmente sintetizado no teu último poste “O amigo caro”; e não é nenhuma novidade para mim. Poderia facilmente subscrevê-lo ou clicar um “like”, se tal fosse possível.

    O problema estará naquilo que consideramos como “mal menor”, onde manifestamente divergimos, razão pela qual aplicamos diferentemente a nossa condescendência. E porque, como reconheces, talvez por causa das eleições, ultimamente tens dedicado mais tempo à pequena política, aquela nossa divergência ganha outro protagonismo e ocorre muito mais amiúde. Ora, para o bem ou para o mal, a campanha do Costa já se arrasta desde Maio do ano passado; é muito tempo…!

    Namastê !

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  10. N'"O Amigo Caro" não cheguei a precisar que tinha um amigo António Costa mas que não era aquele que me escrevia. O que me leva à questão do formato da tua despedida: a) estás de partida para a Índia? b) converteste-te ao bramanismo? c) agora praticas yoga?

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  11. Nos velhos tempos em que ainda se jogava à Batalha Naval (em plena sala de aulas) a resposta seria: três tiros na água.
    A propósito de partidas e chegadas, dá uma vista de olhos aqui:
    http://o-antonio-maria.blogspot.pt/2015/09/afinal-quem-e-que-convidou-emigrar.html
    Fiquei especialmente impressionado e sugestionado com a última frase.

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