18 maio 2015

PORTUGAL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, O FASCISMO, OS RACIONAMENTOS E O CONTEXTO EM QUE ELES TIVERAM LUGAR

Uma boa história que aborde a vida em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial não estará adequada se não exibir uma boa fotografia de uma enorme fila aguardando a sua oportunidade à porta de um qualquer estabelecimento comercial, mercê da escassez e do racionamento. Acima, a fotografia foi feita em Lisboa em 1943. O que costuma ficar por explicar é o contexto e como aquelas filas, o racionamento e as fotos eram comuns em toda a Europa.
As cenas seriam comuns nos países em guerra, como se depreende por estas senhas de racionamento de pão soviéticas de 1942...
…ou então se constata nesta fila constituída, também em 1942, à porta desta mercearia francesa que vendia lacticínios e ovos - e poucos, deduz-se...
Mas percebia-se que o racionamento não era um exclusivo dos países beligerantes (...e de Portugal), como se comprova por esta caderneta espanhola de 1945 (e a Espanha permanecera neutra), destinada ao que parecem ser produtos vários.
Noutros países neutros, as cadernetas incidiriam sobre produtos específicos, como é o caso desta caderneta sueca (outro país neutral), também de 1945, referente ao abastecimento de café – que podia ser substituído por chá.
Mas, por se estar a incluir fotografias de cadernetas do ano do fim da guerra (1945), não se pense que os rigores do racionamento terminaram aí, a fotografia acima - os sacos e os cestos indicam a causa da fila - foi tirada num Reino Unido vitorioso, em 1947.
Nem se pense que os países neutrais, por terem passado ao lado da destruição, puderam passar mais rapidamente para uma regularidade nos abastecimentos: a caderneta acima é suíça, de 1948, e refere-se a restrições ao consumo de farinha, gorduras e óleos alimentares.
Há artigos cujo abastecimento terá permanecido condicionado por muitos anos depois do final da guerra, como se comprovará por esta caderneta portuguesa para abastecimento de arroz de 1951.
Que não destoará deste outro aviso desse mesmo ano, afixado à entrada de um talho inglês, avisando que parte da carne a fornecer será obrigatoriamente da enlatada.
Ou então desta caderneta de racionamento irlandesa, também de 1951, um outro país que, como Portugal, permanecera neutro no conflito que terminara seis anos antes.
Gradualmente, os países europeus foram recuperando a regularidade dos seus circuitos comerciais. Para além das ideologias e das (discutíveis) responsabilidades do regime do Estado Novo na crise alimentar que afectou os portugueses ao longo da década de 1940, o que eu tenho mais dificuldade em justificar são estas duas últimas cadernetas de racionamento que encontrei: uma de abastecimento de leite na Polónia em 1981-83 (acima) e outra de abastecimento de pão na Roménia em 1989...

2 comentários:

  1. O racionamento nos países que ficaram do lado de trás da cortina de ferro, se deve as restrições econômicas desses países, o elevado endividamento externo, a baixa produtividade, a logística de distribuição da produção completamente inadequada, além de outros fatores, como a baixa irrigação das lavouras. Somando-se isso a fatores climáticos, fica fácil compreender as filas de racionamento na Europa comunista.

    Por Jeferson Neu.

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  2. Obrigado, Jefferson. Faltava mesmo esta sua explicação.

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