23 março 2015

AS CONSEQUÊNCIAS DA DEFLAÇÃO E O PROBLEMA DA GRÉCIA

Apesar de noticiado com alguma ligeireza, remunerar as poupanças a 0% pode tornar-se num problema sério se os bancos persistirem nessa prática. Há lóbis que se alarmam e nos alertam para as fugas de capitais mas é bem possível que, com a falta de segurança que o sistema bancário nos tem transmitido nos últimos anos (BPP, BPN, BES), o problema possa ser outro, mais prosaico, e que a fuga de uma parcela menos sofisticada dos detentores desses capitais possa não ser para fugir para muito mais longe do que debaixo da cama de cada um. E isso será dinheiro e poupanças que saem do circuito financeiro sem proveito para ninguém, um problema que na nossa economia parecia ter sido erradicado na segunda metade do século passado. 
Veja-se o que está a acontecer na Grécia onde, por essas razões e mais ainda por todas as outras que se sabe, a decisão mais prudente de um aforrador local é fazer aquilo mesmo: converter as poupanças em numerário, preservando-lhes o valor, já que, no caso de uma saída da Grécia do Euro, os restantes países da zona não teriam capacidade logística para proceder a uma permuta simultânea das notas e moedas em circulação em todos os outros países onde a moeda circula. O fenómeno está a provocar uma continuada crise de liquidez no sistema bancário grego que só tenho visto ser discretamente noticiada (em Janeiro..., em Fevereiro...). Em Março, e agora com outra visibilidade mediática, Tsipras terá de voltar ao assunto com aquela pose grega de que o problema é mais de todos nós do que propriamente deles. Engraçado como os gregos querem continuar com o Euro, preparam-se para sair dele e entalam o primeiro-ministro que elegeram para lhes resolver essa contradição...

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