10 dezembro 2014

O PRESUMIDO... INOCENTE

Em rigor, e apesar das inconsistências e inverosimilhanças do seu depoimento de ontem na Comissão Parlamentar, Ricardo Salgado continua a manter o direito à presunção da sua inocência antes de ser acusado, julgado e condenado, como acontece com qualquer cidadão português. Ricardo Salgado não é mais do que um outro cidadão português, mas também não é menos. Tem o direito a não ser julgado e condenado na praça pública. Precisamente nos termos sublinhados acima se exprimiu, também ontem e muito bem, Manuel Alegre. Certamente que Manuel Alegre subscreveria que tudo aquilo que disse se aplicaria a Ricardo Salgado embora ele se estivesse a referir, no caso concreto em causa, a José Sócrates. Mas suponho que Manuel Alegre saiba reconhecer quando se trata de princípios e como os princípios são princípios que se aplicam a todos. Embora nos dias que correm, as circunstâncias em que é acentuada a universalidade da presunção de inocência possa fazer lembrar um pouco a famosa igualdade orwelliana, aquela que, apesar de tão apregoada, estipulava que todos os animais eram iguais, havia uns é que eram mais iguais que os outros.

Mas, para voltar à sessão de ontem no parlamento, mesmo sem se indagar porquê, constata-se que muito terá mudado nos últimos anos nas relações entre o poder político e o económico. Longe vão os tempos em que, convocado, era Belmiro de Azevedo que se ufanava de ser ele a marcar a hora da audiência (às 8H00 da manhã) e António Champalimaud nem lá comparecia, preferindo prestar o seu depoimento por escrito.

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