20 julho 2014

A SEMÂNTICA E A SUBSTÂNCIA DA «CONVERGÊNCIA»

Faz-me impressão a leveza com que entre os grupos e os grupúsculos de esquerda se ouve malbaratar a expressão convergência. Como decorre do exemplo da óptica (acima), qualquer convergência pressupõe a existência de um foco. E, desnecessário seria acrescentar, o foco teria de ser o mesmo. Mas sobre o foco fala-se muito menos do que sobre a convergência. E é uma chatice que o bloco pareça não ter nenhum (foco) e que os comunistas tenham um foco deles, mas só deles. Nesta superficialidade discursiva ninguém parece sabotar a tal de convergência, ao mesmo tempo que não se distinguem os empenhados dos outros, que isto de parecer-se empenhado em ser-se convergente é discurso que promete render votos. A eficácia destas convergências parece-me assemelhar-se aos efeitos sonoros daquela história dos estivadores – e a estivagem é uma actividade verdadeiramente de esquerda… – que se afadigavam a levantar um caixote enquanto berravam em uníssono: Um! Dois! Três! Força! Mas nem todos faziam realmente força, e assim o caixote nem saía do chão…

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