28 março 2014

PARECENÇAS E ANALOGIAS

As actrizes Frances de la Tour (esq.) e Allyce Beasley (dir.) são aquilo que se considera pessoas parecidíssimas, daquelas parecenças que creio nem ser preciso explicar. Na realidade, não há qualquer relação entre elas, a primeira é britânica e a segunda norte-americana, há dez anos a separá-las e elas nunca contracenaram sequer. Mas a semelhança fisionómica é evidente.

A alusão ao exemplo do Kosovo quando das referências ao recente caso da Crimeia assemelhar-se-á à foto acima: tratara-se inicialmente de uma promoção norte-americana a uma secessão apesar da oposição russa, trata-se agora de uma promoção russa a uma secessão apesar da oposição norte-americana. As semelhanças quedam-se por aqui, mas são consistentes. Os Estados Unidos é que se deram por surpreendidos ao constatarem que não possuíam o monopólio do poder de redesenhar fronteiras internacionais ao arrepio de opiniões terceiras. Leio por aqui pela internet quem queira contestar a habilidade russa da desculpabilização do episódio da secessão da Crimeia invocando o Kosovo, desmentindo semelhanças, empolando pormenores que os diferenciam. Ora isto das analogias é instintivo e será como as parecenças ou mesmo como o daltonismo: é congénito. Nasce com as pessoas: ou se vêem ou não adianta de nada explicar.
É que para a discussão sobre a fotografia inicial não tem qualquer relevância argumentar que Frances de la Tour tem dois filhos enquanto Allyce Beasley tem só um.

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