27 setembro 2013

EVOCANDO ROBERTO CALVI POR OCASIÃO DO «DESAPARECIMENTO» DE OUTRO BANQUEIRO

Roberto Calvi (1920-1982) foi um banqueiro italiano que encheu as manchetes dos jornais há 30 anos quando apareceu morto, dependurado de uma ponte londrina, depois do banco a que presidia, o Banco Ambrosiano, ter colapsado, aquilo que foi um dos maiores escândalos de Itália na época, envolvendo nomeadamente o Vaticano, que era um accionista importante (16%) do banco em falência. Os peritos encarregues de investigar a morte de Calvi, concluíram que ela havia sido encenada para parecer um suicídio, mas que se tratara de um homicídio. Um julgamento que teve lugar em 2007, 25 anos depois dos factos, concluiu com a absolvição dos cinco suspeitos por falta de provas. A semelhança deste episódio com o de Oliveira Costa e o BPN parece-me evidente, para mais sabendo que Roberto Calvi também já fora preso antes de ser libertado por causa de um recurso que entretanto interpusera, ocasião que aproveitara para fugir para o estrangeiro. A pergunta pertinente porém, é a que se pode colocar a respeito de Oliveira Costa, depois das notícias aparecidas do seu desaparecimento: quantos de nós, que nos pretendemos passar por cidadãos cumpridores da lei, nos sentiríamos chocados ou sequer condoídos com a hipotética notícia que, como Calvi, Oliveira Costa aparecera dependurado de uma ponte de uma qualquer capital europeia?...
Adenda: E eis daquelas notícias típicas para minorar os estragos, mesmo que não faça sentido algum quando confrontada com a notícia original. Estas agora dizem-nos que José Oliveira Costa (está) fechado em casa (e) só recebe os advogados ou que Oliveira Costa disponibiliza número de telemóvel ao tribunal criminal (de) Lisboa. Mesmo abstraindo-nos das limitações às suas liberdades individuais, que o levam a não poder ser assim tão selectivo quanto às pessoas que recebe em casa ou quanto ao processo como contacta as autoridades judiciais, será que os advogados de Oliveira Costa nunca se aperceberam nestes dois meses que o tribunal andava a tentar notificar o seu constituinte?...

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