12 julho 2013

A SUGESTÃO DO APOCALIPSE

Se há aspecto que considero irritante na evolução da presente crise é esta invocação repetida do comportamento de os mercados que está a ser feita por uma das facções para que funcione como uma condicionante ao espectro de soluções possíveis. Na interpretação da informação controlada por essa facção estaríamos à beira de um Apocalipse, não nos dessemos ao trabalho de notar que às notícias das sessões da Bolsa onde se perdem centenas de milhões de euros não se sucedem outras notícias de sessões onde se ganham milhões equivalentes, ou que os juros são propulsionados a pólvora quando disparam nas subidas, mas devem vir a gatinhar quando deslizam no sentido inverso… Sobretudo irrita que apenas se insinue, mas nunca se discuta francamente, qual possam ser as consequências de tal Apocalipse sugerido, o resultado da sanção de os mercados.

Talvez porque isso possa não ser tão importante quanto é sugerido, como se deduz das intenções e actuação do governo grego que, mesmo portando-se mal, acaba sempre por receber as respectivas tranches salvadoras da troika. Será por interesse desta última que não chegue a haver um Apocalipse ou então será porque, acontecendo, nós nem daremos por ele, Apocalipse. Apesar de se situar nos antípodas do espectro político, mas dominado pela mesma cegueira ideológica, o que este tipo de jogo me lembrou foi uma ocasião em que um outro Apocalipse teve lugar. Foi um dia de 1979 em que aquele que em 1975 fora crismado e ficara conhecido como o grande dirigente e educador do proletariado português, o camarada Arnaldo Matos, secretário-geral do MRPP, se demitiu daquele cargo e, nós, os seus educandos, não teremos chegado a ser muito afectados por isso…

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