24 junho 2013

BOAS IDEIAS QUE NÃO PASSARAM DE BOAS IDEIAS

Suponho que devem ter sido muitos os que, como eu, se devem ter maravilhado quando viram pela primeira vez a associação de aeronaves auxiliares com submarinos, aumentando as capacidades destes últimos – acima são desenhos do álbum O Segredo do Espadão (1947) de Edgar Pierre Jacobs. Aliás, a ideia de associar os dois sistemas de armas surgiu cedo, quase em simultâneo com a dos porta-aviões, ainda durante o decurso de Primeira Guerra Mundial (1917).
Contudo, a prossecução da ideia era dificultada pela evolução simultânea, mas autónoma, da aviação, onde se concebiam aviões cada vez maiores e mais potentes, a necessitarem de cada vez mais espaço de armazenamento e de operação. Ora, se isso pode constituir um problema em qualquer navio de superfície e criava mesmo a necessidade de que os navios porta-aviões fossem cada vez maiores, torna-se ainda pior num submersível onde o espaço é um bem escassíssimo.
Nessas circunstâncias já só passava a fazer algum sentido incluir aeronaves nos submarinos de maiores dimensões, como era o caso do grande Surcouf francês de 1934 (3.300 toneladas de deslocamento, acima) ou então a gigantesca classe I-400 japonesa (6.600 toneladas) transportando três hidroaviões. Os problemas irresolúveis é que os grandes submarinos eram maus submarinos, lentos a submergir, e o emprego dos hidroaviões limitado, porque se precisava de mar calmo para amararem.
O aparecimento do helicóptero foi uma nova oportunidade para a ressurreição da ideia mas, se repararem nas imagens iniciais, ver-se-á que a imaginação do desenhador não resolveu muitos dos problemas práticos que a experiência havia detectado: a) Para ser menor, o helicóptero não tinha motor de cauda, o que tornaria o seu voo instável; b) A zona de aterragem no submarino é perigosamente pequena; c) Quanto tempo demoraria a fixar e recolher as seis pás do helicóptero?

2 comentários:

  1. A propósito deste seu post lembrei-me de uma nota no Jornal Sénior de 20 Junho (bela iniciativa do Mário Zambujal).
    A École Potytechnique Fédèrale de Lausanne tem em estudo um novo conceito de transporte a que chamou Clip-Air (pode ver promenores em (http://www.dvice.com/2013-6-12/clip-air-reimagines-travel-modular-mass-transit-aircraft) que pretende associar o avião com o comboio.
    O avião consiste apenas numa asa com a cabine de pilotagem e os motores. Por baixo desta asa são acoplados até três módulos que não mais que "carruagens" de um comboio desenhadas para o efeito. Estas carruagens podem levar passageiros ou carga ou ambos.
    imagine entrar no comboio em Coimbra querendo chegar a Londres. Entra em Coimbra vai direto até ao aeroporto de Lisboa onde, "gentilmente" a carruagem é acoplada por baixo da asa do avião, que por sua vez o transporta até Heathrow, deixa a carruagem que o deposita em Waterloo.
    Sem incómodos nem transbordos.
    A ver se pega.

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  2. Assim como o descreveu, parece-me o conceito do contentor, só que abrangendo também passageiros, com rodas e expedido por via aérea.

    Só que, cá está, arrisca-se a ser uma boa ideia que não passa de boa ideia. Aquilo que é vantajoso na ferrovia, a solidez e estabilidade, é desvantajoso no ar, o peso.

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