01 dezembro 2012

O ELEVADOR APINHADO

Suponho que todos já teremos passado pela situação: um daqueles elevadores colectivos, com capacidade para uma dúzia de utentes ou mais, onde entramos e que se começa a encher com mais e mais pessoas até que elas começam a ficar espremidas naquela caixa fechada sem janelas, caras demasiado próximas para o que é socialmente aceitável, olhares alheios ou para o tecto, cheiros a hálitos, alguns que não primam propriamente pela higiene. Objectos que atravancam. A descrição de um Inferno? Dante ainda estaria nos preliminares… Subitamente, enquanto as portas se começam a fechar a um ritmo exasperadamente lento, vem-nos ao nariz o inconfundível cheiro de um peido dado por alguém que foi apertado em excesso…

Esta descrição ocorreu-me a propósito do episódio desencadeado pela sugestão feita por Pedro Passos Coelho, em plena entrevista televisiva desta semana, que o ensino secundário passasse a ser parcialmente pago. Sintoma evidente que desmente a coesão governamental anunciada por ele nessa mesma entrevista, o ministro da Educação Nuno Crato, através de um comunicado, replicou no mesmo estilo – i.e., anunciando-o publicamente – que essa inflexão política não fora objecto de qualquer discussão prévia a nível governamental. Ora aquilo que Passos Coelho dirige devia ser um governo, composto por pessoas que ele convidou, mas parece uma dúzia de utentes que apanharam um mesmo elevador à mesma hora.

Onde, para continuar com a analogia, parece já se estar num nível de degradação da coordenação tal que, quando a atmosfera se torna malsã, se retalia simetricamente em espécie, largando o nosso. A piorar a insuportabilidade da situação, há Tó-Zé Seguro, que deveria explorar a situação politicamente endossando a opinião implícita na atitude de Nuno Crato contra Pedro Passos Coelho, mas faz algo inverso, ou seja, pica o primeiro-ministro pela insubordinação do seu ministro. Para acabar como comecei, pelos elevadores colectivos apinhados, Tó-Zé Seguro é aquele gajo que chega à última da hora e, mal põe os pés no elevador, este começa a apitar por excesso de peso. Com a excepção dos militantes do PS, Tó-Zé é um excesso de peso

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