06 junho 2012

A V1

 Esta é a silhueta de uma V-1 (Vergeltungswaffen-1, ou seja: arma de retaliação) que se precipita sobre Londres num qualquer dia do segundo semestre de 1944. A V-1 era uma bomba voadora: um pequeno avião a jacto sem piloto, com um alcance máximo de 250 km, uma velocidade de 640 km/hora e uma ogiva com 850 kg de explosivos que detonava quando o combustível acabava e o avião se precipitava em direcção ao solo como se pode observar no instantâneo fotográfico acima. Como se depreende da descrição, o bombardeamento não era para ser feito com precisão, antes aleatório, dirigia-se às grandes concentrações urbanas e tinha por objectivo instigar a desmoralização da população civil.
 O objectivo destas V-1 era precisamente o mesmo que fora preconizado teoricamente pelo italiano Giulio Douhet (1869-1930) e que se procurava demonstrar então na prática por alguns dos seus discípulos que comandavam em 1944 formações colossais de milhares de bombardeiros, como eram os casos do britânico Arthur Harris (1892-1984) ou do norte-americano Curtis LeMay (1906-1990, acima) cujas tripulações procediam aos mesmos bombardeamentos cegos mas sobre as cidades alemãs e japonesas. Mas um estudo elaborado por um outro aviador norte-americano, o general Clayton Bissell (1896-1973) tentou demonstrar que, para esse objectivo cuja utilidade se tornava cada vez mais duvidosa, as V-1 pareciam ser muito mais eficazes…
Questionando  o emprego estratégico da Força Aérea e, por arrastamento, uma apreciável percentagem dos muitos milhões em pessoal e material que foram dispendidos nela, o estudo, que procura demonstrar que os alemães, empregando menos meios, causaram estragos proporcionalmente superiores aos que haviam efectuado durante a blitz com o bombardeamento tradicional, é um dos estudos mais discretamente arrumados de todos os relatórios importantes que foram produzidos durante a Segunda Guerra Mundial. Clayton Bissell é também um dos generais mais esquecidos (a sua reputação é mesmo maltratada, acusado de ter encoberto a responsabilidade soviética pelo massacre de Katyn), por esta manifesta violação da solidariedade corporativa...

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