18 abril 2012

O GOOGLE EM PORTUGUÊS

Já por várias vezes aqui me referi à excelência de alguns cabeçalhos do Google. Mas o de hoje tem um travo ainda mais especial, ao lê-lo em português, mesmo escrito nas barbas da figura, não interessa se o do Acordo ou não. A efeméride é o 170º aniversário do nascimento de Antero de Quental, um poeta português de origem açoriana, que creio ser daqueles autores que é muito mais evocado do que propriamente lido.

Veja-se por mim, confesso, que o que mais me intriga na vida e obra de Antero de Quental é a questão técnica do seu suicídio, com dois tiros de caçadeira disparados na boca num banco de jardim de Ponta Delgada. Dois tiros?... Como é que conseguiu dar o segundo tiro? Ou tratava-se de uma daquelas caçadeiras de gatilho duplo? Associando-nos ao evento, adicionemos-lhe mais nostalgia, evocando a figura de Quental nas antigas notas de cinco contos!

3 comentários:

  1. Também tenho essa impressão do Antero de Quental -- muito mais invocado que lido.
    E invocado porque fez parte do grupo de Eça de Queirós.
    Do que tentei ler de Antero -- alguma poesia -- não me tocou por aí além.
    Fiquei com a ideia que Antero devia ser, ao vivo, muitíssimo mais interessante do que aquilo que deixou escrito.
    Seria provavelmente um sujeito bipolar -- hoje brilhantíssimo, amanhã debaixo de uma depressão monumental.
    E esta opinião é apoiado no In Memorian que lhe dedicaram os amigos (Eça, Ramalho, Oliveira Martins, etc) quando ele se suicidou.

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  2. Tanto quanto sei, Antero não se matou com tiro de caçadeira. Comprou um revolver no dia 11 de Setembro e utilizou-o para se matar. O primeiro tiro foi dado na boca mas a bala saiu pela cana do nariz, não o matando. A seguir é que dá o segundo tiro, fatal mas que ainda assim não lhe terá causado morte imediata.
    Morreu cerca de uma hora depois.
    Esta informação tirei-a da sua biografia escrita por Bruno Carreiro.
    Quanto à figura em si, conconrdo inteiramente com o comentário anterior.

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  3. Agradeço aos dois os vossos comentários.

    São daqueles que vale a pena relevar pois enriquecem o que ficou escrito no texto.

    Eu bem sei que o rigor pode ser aborrecido mas, quanto à questão dos dois tiros - que aqui fica definitivamente esclarecida - fica para mim claro que a descrição do suicidio de Antero de Quental terá sido afectada pelas "liberdades poéticas" comuns na época.

    Tentou suicidar-se com um mas suicidou-se de facto com o OUTRO tiro...

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