10 dezembro 2011

UM OUTRO «BLOCO CONTINENTAL»?

Embora a posição do governo britânico suscite muitas críticas internas – a montagem acima, parodiando David Cameron numa pose churchiliana foi extraída do tablóide The Sun – ela recolherá decerto muitas simpatias individuais entre os cidadãos dos países que ficaram presos do outro lado, no consensual Bloco Continental que terá deixado isolado o Reino Unido, a acreditar nas narrativas da informação. Aliás, as críticas mais consistentes a David Cameron (não é o caso propriamente do The Sun…) vão para a falta de habilidade diplomática – pior do que a de Angela Merkel! – que deixou os britânicos isolados no final do processo.

De resto, o cenário estratégico que parece vir a emergir da cimeira, salvaguardadas as distâncias temporais e a diferença entre os meios de combate, parece ser familiar para quem conheça a História da Europa. Aproveitei para inserir acima o discurso proferido por Winston Churchill em 4 de Junho de 1940¹, quando o continente estava em vias de ser dominado por Adolf Hitler. Já aqui me referi a ele, e é verdade que esses discursos valerão mais pela retórica do que pela substância, mas não deixa de ser curioso constatar que nele, Churchill faz por sua vez referência, por analogia, à Europa então dominada por Napoleão Bonaparte (1804).
Se se repetir o que aconteceu no passado, então preparemo-nos para verificar se a capacidade de resistência do Reino Unido continuará a ser superior à propensão natural do Bloco Continental para se começar a fragmentar…

¹ Quando Napoleão esteve em Bolonha por um ano, com as suas lanchas de fundo chato e o seu Grande Exército, alguém lhe disse que «havia ervas bem amargas em Inglaterra». Haverá certamente muitas mais depois do regresso da Força Expedicionária Britânica. Eu, por mim, tenho a confiança total que, se todos cumprirem o seu dever, se nada for negligenciado, se as disposições correctas forem tomadas, como está aliás a acontecer, vamos tornar a provar a nós mesmos que seremos capazes de defender a nossa Ilha, que iremos enfrentar a tempestade da guerra e que iremos sobreviver à ameaça da tirania, se for necessário durante anos e se for necessário sozinhos. De qualquer modo, é isso mesmo que iremos tentar fazer. Essa é a vontade de todos os membros do governo de Sua Majestade. Essa é a vontade do Parlamento e da nação. O Império Britânico e a República Francesa, ligados na sua causa e pela sua necessidade, irão defender até a morte o solo pátrio, ajudando-se reciprocamente como bons camaradas no máximo das suas forças.
Iremos até o fim: lutaremos em França, lutaremos nos mares e oceanos, lutaremos no ar com crescente confiança e poder; iremos defender a nossa Ilha custe o que custar; lutaremos nas praias, lutaremos nos locais de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; jamais nos renderemos, e mesmo – o que eu não creio nem mesmo por um momento que seja – se a nossa Ilha ou uma grande parte dela vier a ser subjugada e submetida, o nosso Império do Ultramar, armado e guardado pela Frota Britânica, continuará a lutar até que, quando Deus quiser, o Novo Mundo, com toda a sua força e poderio, se ponha em marcha para socorrer e libertar o Velho.

2 comentários:

  1. A História é capaz de não ser o forte do sr. Cameron, mas lembra-se, com certeza, que a Alemanha, num passado recente, comprou a "Mini", a "Rolls-Royce", a "Land-Rover" - esta já revendida a um fabricante indiano - e a "Bentley".
    Por este andar, ainda o Parlamento britânico ia parar a Bona...
    Creio que foi isto que o assustou!

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  2. Esqueci um pormenor: o Parlamento britânico em Berlim seria impensável!
    A sra. Merkel não ia querer outro sector britânico por lá...

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