17 novembro 2011

A «SOLIDARIEDADE» EUROPEIA

Quando os países periféricos, como a Tailândia e a Indonésia, são atingidos por uma crise (financeira) a culpa é deles por causa da sua inabilidade em se adaptarem às regras do sistema. Quando a crise atinge os países nucleares aí culpa-se o sistema e chega-se à conclusão que é ele que tem de ser corrigido¹.
Ainda que se referindo à crise financeira asiática de 1997, não deixa por isso de ser flagrante quanto a transcrição acima se mantém pertinentemente actual para a crise da dívida pública da zona Euro. É por causa do princípio ali exposto que, no actual quadro europeu, considero defensável a atitude do governo português de nos comportarmos assim tão bem enquanto se procura ganhar tempo.
Esse tempo que se ganha – espera-se veementemente! – servirá para que a crise transborde da periferia para o centro como parece ser cada vez mais provável, considerado o exemplo recente da Itália e os prováveis exemplos futuros da Espanha e França. Quando a crise atingir esta última, será que aí teremos direito a ver a solidariedade europeia a funcionar?

¹ When countries on the periphery of the global system such as Thailand and Indonesia are overcome by crisis, we blame then for their failures and their inability to adjust to the system’s rigours. When countries at the center are similarly engulfed, we blame the system and say it’s time to fix it.

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