21 novembro 2011

SOBRE A NECESSIDADE DE GUERRAS, COELHOS E RELVAS

A propósito das eleições espanholas de ontem, lembrei-me de evocar um episódio que já se passou há muuuuitos anos - tantos que Jorge Nuno Pinto da Costa era então um recém-empossado presidente do Futebol Clube do Porto e Manuel Carvalho da Silva ainda não dirigia a Intersindical… O PSOE acabara de ganhar as eleições gerais espanholas de Outubro de 1982 e Vasco Lourinho, o inesquecível correspondente da RTP em Madrid, tentava-nos dar uma ideia de quem seriam as novas figuras chaves do poder. A começar por Felipe Gonzalez, passando pelo seu vice Alfonso Guerra.
Por detrás do líder do partido (acima, à esquerda), Alfonso Guerra aparecia como o braço direito de Gonzalez, aquele que desempenhava o papel do homem de confiança, que controla o aparelho partidário e trata dos negócios mais delicados (sórdidos) do partido. Quando Vasco Lourinho, num momento pedagógico, procurou encontrar uma figura correspondente entre os socialistas portugueses proeminentes de então viu-se em palpos de aranha: não havia figura do PS que, junto de Soares, se encaixasse no papel de Alfonso Guerra…E assim se despediu Vasco Lourinho, desde Madrid, para a RTP...
O tempo passou, Alfonso Guerra abandonou o poder na sequência de um escândalo de corrupção e tráfico de influências protagonizado pelo seu irmão Juan (1991) e o PS português chegou ao poder (1995) liderado por alguém com a mesma relutância de Gonzalez em se imiscuir no lado negro da política: António Guterres. De imediato, o PS precisou do seu Alfonso Guerra: Jorge Coelho (acima). Vasco Lourinho já não teria tido necessidade de puxar pela imaginação... E o protagonismo de Miguel Relvas (abaixo) parece mostrar que essas necessidades têm mais a ver com o perfil do líder do que com a ideologia do partido…

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