15 setembro 2011

O PÉRIPLO DO TÓ ZÉ

Acima está o momento informativo culminante do XVIII Congresso do PS: Tó Zé Seguro foi dar a sua volta para conhecer os bastidores da informação, arrastando atrás de si um magote de funcionários da dita cuja, até ter tropeçado em António Costa a dar uma entrevista à TVI 24, fazendo-se convidado e expulsando o seu rival. Consideraria este assunto esgotado com todos os comentários que seguidamente se fizeram, mas há um aspecto que me parece óbvio que não vi referido. Como se percebe pelas imagens de fundo, os trabalhos do congresso com os discursos dos delegados, continuavam a decorrer enquanto o Tó Zé dava a sua pretensa volta turístico-pedagógica e, acrescente-se, enquanto Costa dava a sua entrevista antes de ser interrompido. É aliás normalíssimo que as personalidades dos partidos façam isso com os trabalhos dos congressos a decorrer…

O facto de, neste caso, o secretário-geral do PS, ter decidido passear-se pelos bastidores da informação com ar de aluno aplicado à mesma hora em que estavam a discursar delegados é demonstrativo de uma certa concepção cénica dos congressos que se instituíu, e que assenta, por muitos discursos em que se proclame o contrário, numa objectiva falta de respeito pelas bases do partido ali representados pelos delegados. De uma forma distante e racional reconheça-se que os militantes, depois da vitória na eleição para o cargo, passaram para um óbvio segundo plano quando em comparação com os jornalistas que se torna sempre necessário cortejar... Mas também dificilmente se imagina que possa haver um delegado socialista que criticasse (com cobertura informativa...) aquela atitude do secretário-geral no seu discurso ao congresso – com excepção da Ana Gomes mas essa já é costume...

Este comportamento acomodatício terá transformado os militantes de partidos políticos numa casta de que há percepção que já não corresponde a um verdadeiro microcosmos da sociedade portuguesa actual. As culpas para esta (cada vez maior) distorção sociológica costumam ser atribuídas aos partidos políticos. O que talvez não seja toda a verdade. Regressemos aos exemplos dos congressos do PS e dos discursos lá produzidos. Terão sido vários milhares. Desses milhares, decerto que a esmagadora maioria classificar-se-ão entre o mediano e o medíocre, proclamações auto-congratulatórias ou hossanas ao líder do momento. Mas estatisticamente haverá certamente 1 ou 2% de intervenções excelentes também da autoria de delegados desconhecidos. Ninguém as destacou. A intervenção mais memorável de um desses delegados socialistas num congresso continua a ser a de Tino de Rans (abaixo)…

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