30 agosto 2011

A CARREIRA DE MIHAILO LATAS, ALIÁS OMAR PACHÁ

Mihailo Latas nasceu em 1806 na Croácia embora a religião ortodoxa de família fizesse com que ele fosse classificado como sérvio. O seu pai, Petar Latas, ocupava um lugar destacado na administração político-militar do Império austríaco. Mihailo frequentou um colégio militar e recebeu uma educação adequada ao seu estatuto porém, entre 1823 e 1828, era ele muito jovem e já estaria colocado nos serviços administrativos de um regimento, quando algo se terá passado (supõe-se que se tenha tratado de apropriação indevida de fundos…) que o terá levado a fugir para o Império Otomano que então se estendia pelo Sudeste da Europa (abaixo).
Foi já desse lado da fronteira que Mihailo tomou duas decisões importantíssimas para a sua carreira futura: educado, continuou a investir na educação, convertendo-se ao alfabeto árabe; cristão ortodoxo, resolveu converter-se ao islão, adoptando o nome de Omar (anteriormente, já aqui expliquei que os otomanos só possuíam nome próprio). Foi assim que Mihailo foi adquirindo reputação como intelectual e pedagogo, abrindo-se-lhe portas que, de outro modo, permaneceriam fechadas. De ADC de um general polaco ao serviço do Império Otomano, Mihailo viu-se promovido a professor de escrita de um dos potenciais herdeiros do trono em 1834.
O potencial herdeiro tornou-se mesmo Sultão em 1839, aos 16 anos, com o nome de Abdulmecid I (1823-1861) e Mihailo tornou-se um homem de confiança do novo Sultão, promovido de imediato a Coronel a quem foi entregue o comando de uma expedição para pôr fim a uma rebelião na Síria (1840), para depois vir a ser nomeado governador militar do Líbano (1842), no que seriam os primeiros degraus de uma escada que o levaria, sob a designação de Omar Pachá, ao sucesso com a reputação de alguém que resolvia com sucesso os problemas internos do Império, como as revoltas civis na Albânia (1843), no Curdistão (1846) ou na Bósnia (1850).
Porém, a notoriedade de Mihailo no Ocidente deve-se à Guerra da Crimeia (1853-56), onde os otomanos combateram aliados a franceses e britânicos contra os russos (acima, a fotografia que reúne os três comandantes: Lorde Raglan, Omar Pachá e o General Pélissier). O estilo de comando de Mihailo, tal como as condições gerais do exército que ele comandava, constituiram uma surpresa para os aliados. Mihailo não se privava de nada, incluindo no seu staff um harém e uma orquestra privativas. Sobre a segunda pode adiantar-se que era composta por músicos alemães e que interpretou em campanha Ah! Che la morte da (então) recente Il Trovatore de Verdi…


Tanto em termos técnicos como doutrinais, o exército otomano mostrava-se décadas atrasado em relação aos seus aliados. Mihailo representava apenas o exemplo do apuramento dos critérios para a constituição da classe dos oficiais do exército otomano. Antes da competência, do mérito ou do estudo das ciências militares, a condição essencial para a admissão na classe era o patrocínio dos poderosos. Depois haveria aqueles que, como ele, por formação, feitio e pelo alto patrocínio, estariam destinados a mais altos voos… Este tema surgiu-me hoje por causa do mérito de se ser assessor governamental, ao constatar o brusco encerramento do Albergue Espanhol

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