30 dezembro 2010

– E AGORA?

Nos idos tempos da tenebrosa noite fascista, havia um anúncio de televisão em que, perante a carroçaria amachucada de um carro batido, um dos intervenientes colocava a pergunta supra:
E agora?
Agora? Bate-chapas e tinta Robbialac! – era a resposta do outro, resposta essa que não tardou a entrar no léxico popular por sinónimo da resignação.

Bate-chapas até pode ser uma alcunha que assenta bem em José Manuel Coelho, considerado o estilo de protagonismo do deputado regional madeirense do PND cuja candidatura à Presidência da República foi ontem devidamente validada pelo Tribunal Constitucional, mas a trincha e a tinta Robbialac – leia-se a explicação colorida para aplicar em cima da bronca da sua evidente discriminação – compete agora ao poderoso bloco informativo das nossas três televisões que encerrou ontem o conjunto de debates televisivos entre os candidatos sem a sua presença, que é tão legítima em termos de critérios jornalísticos quanto foi a de qualquer dos outros cinco candidatos…
Embora já tenha um palpite sobre quais serão¹, aguardo interessado os desenvolvimentos desta questão, que é um teste prático e formal aos princípios de igualdade de oportunidades em que se costuma proclamar que se fundamenta a nossa democracia portuguesa... Afinal, não nos podemos esquecer que a civilizadíssima Suécia (uma referência comummente empregue nestas coisas de democracia) está representada no Parlamento Europeu por um deputado do Partido Pirata e que costumam ser as eleições percebidas de antemão como inúteis pela maioria do eleitorado as que atraem a concorrência destas candidaturas mais... folclóricas.

¹ Como já aconteceu em 2005 com Garcia Pereira, o assunto vai ser abafado na comunicação social e não acontecerá nada.

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