02 novembro 2010

O MAGNÍFICO

O Magnífico (Le Magnifique) foi um daqueles filmes interessantes (1973) que, fora dos circuitos de promoção tradicionais, passou praticamente desapercebido. Muito antes de um Austin Powers (1997) que, aliás, mencionei aqui recentemente, assistimos ali a uma paródia dos filmes de acção e espionagem que estiveram tão em voga na década de 1960 e também muito antes de Arnold Schwarzenegger se parodiar a si próprio nos seus papéis cinematográficos de durão em Um Polícia no Jardim-Escola (Kindergarten Cop de 1990), já Jean-Paul Belmondo fizera precisamente o mesmo em O Magnífico.
Belmondo é simultaneamente o herói de um enredo envolvendo-o como um daqueles agentes secretos impolutos decalcados de James Bond e um triste, que cria esse enredo diante de uma máquina de escrever num anónimo apartamento parisiense caduco a precisar de remodelação. O filme começa com a história de espionagem que, como era conveniente, se passava em ambientes exóticos latino-americanos. Progressivamente, a realidade que envolve o autor mistura-se com a ficção, a começar pela mulher-a-dias que, de aspirador em punho, vem participar numa sangrenta batalha campal (abaixo).
Começa a misturar-se cada vez mais a ficção e a realidade e, para o continuar a compreender, o filme torna-se progressivamente mais exigente... Num gag, é a letra r da máquina de escrever que se estraga e os protagonistas deixam de a pronunciar... Noutro, inesquecível¹, há um espião albanês que é capturado, mas o tradutor, além de albanês, só sabe falar romeno, arranja-se outro de romeno mas para servo-croata, ainda um outro de servo-croata mas para russo, ainda mais um de russo mas para o checo, idioma que só um dos interrogadores compreende. Agora imagine-se como é a cena do interrogatório...
Assim que me lembre, de tradutores, só faltavam naquela cena António José Teixeira e Ricardo Costa (abaixo), que estão sempre a aparecer na televisão depois de alguém importante discursar no papel de tradutores especializados de português para português… De uma outra forma, igualmente ridícula mas com muito menos acção, também são um par de magníficos!... ¹ E, só para chatear, indisponível no You Tube.

3 comentários:

  1. É sempre agradável passar por aqui

    mas olhe que na a.da.r.
    encontrará melhores figurões

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  2. Obrigado, Artur. Este foi mais um daqueles filmes assistidos com um cheiro dominante a estrebaria no ambiente. Talvez a associação dos filmes com o cheiro da bosta misturada com a palha de outrora nos tenha estimulado neurónios que nos fazem hoje querer passar por críticos de cinema...

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