08 novembro 2010

HARRY, O PIANISTA

Eleito em Novembro de 1944 como novo vice-presidente do já três vezes reeleito Franklin D. Roosevelt, Harry S. Truman (1884-1972) constituía tanto uma vantagem política por ser uma figura de compromisso entre as várias sensibilidades do Partido Democrata, ao contrário do seu antecessor Henry A. Wallace, como uma desvantagem mediática por ser, apesar de Senador, uma figura relativamente desconhecida.
Oriundo de uma modesta família de agricultores do estado interior do Missouri, o contraste de Truman com o cosmopolitismo e a sofisticação dos Roosevelt a que pertencia o presidente não podia ser maior. A sua única e breve experiência de vida no exterior dos Estados Unidos fora em França em 1918 quando Truman comandara uma bataria de artilharia do Corpo Expedicionário norte-americano durante a Primeira Guerra Mundial.
Uma das mais famosas operações mediáticas que foram levadas a cabo para esquecer essa faceta labrega de Truman e promover a sua imagem teve lugar em 10 de Fevereiro de 1945, umas escassas três semanas depois da sua tomada de posse num glacial dia 20 de Janeiro. Tratou-se de uma sessão de fotografias em que Harry Truman tocava piano e nesse piano se empoleirava a actriz Lauren Bacall, então com 20 anos.
De entre as várias fotografias escolhi para última (acima) aquela que se terá tornado a mais famosa, onde se vê um Harry Truman a olhar embevecido para a actriz que lhe responde com um sorriso enigmatico. A opinião de Lauren Bacall não corrobora o sorriso e mais tarde ela veio a confessar em privado que Truman tocava mal e que ela mal reconhecera a melodia, que lhe parecera a Valsa do Missouri ou algo do género.
Mas estabelecera-se a reputação de pianista melómano daquele que dali por dois meses viria a ser o novo Presidente dos Estados Unidos. E de uma forma tão indelével que, mesmo depois de ter abandonado a Casa Branca, Truman tornou-se um pianista requisitado como se vê nos casos destas fotografias de 1954 (acima) ou de 1961 (abaixo), esta última uma sessão solene na Casa Branca na presença do seu sucessor John F. Kennedy (ao centro).

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