06 agosto 2010

«SIDESHOWS» DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (9) – A BATALHA PELO DODECANESO

Em 1943, as Ilhas do Dodecaneso eram uma das raras colónias europeias (mapa acima). Embora fossem povoadas predominantemente por gregos (com uma minoria turca), elas haviam sido adquiridas em 1912 pela Itália ao Império Otomano e haviam permanecido com esse estatuto colonial desde então. Eram formadas por 12 ilhas principais (daí o seu nome, dode é o prefixo para doze) e outras 150 menores, das quais apenas 26 eram habitadas. A ilha de Rodes destaca-se, concentrando mais de metade do território e da população do conjunto.
Em 1943, para uma área de 2.714 km², a população rondava os 130.000 habitantes, dos quais apenas cerca de 5% eram italianos. Mas, sendo uma colónia italiana (acima: o Governo das Ilhas do Egeu), a região ficara paradoxalmente resguardada dos combates pela conquista da Grécia pelas tropas do Eixo (alemãs, italianas e búlgaras) que se haviam travado em Abril de 1941. Porém, 29 meses depois disso, em Setembro de 1943 os italianos pretendiam sair da Guerra. E os britânicos queriam ocupar o vácuo provocado por esse abandono.
Mais uma vez, Winston Churchill, o visionário de sempre quanto à Grande Estratégia e o obtuso de sempre sobre os outros factores também indispensáveis para que essa Estratégia tenha sucesso, queria aproveitar esta oportunidade para, ocupando de surpresa o Dodecaneso cedido pelos italianos, arrastar a Turquia para o lado dos Aliados, reabrir os Dardanelos e o Estreito do Bósforo à navegação aliada e arranjar uma melhor ligação marítima com o aliado soviético. Ou seja, era o seu projecto de Galipoli de 1915 recriado mais uma vez…
Antecipemos que a Batalha pelo Dodecaneso se saldou por um fiasco idêntico ao do seu predecessor – com a diferença que a atenção da opinião pública neste caso estava distraída com a invasão da península italiana que decorria ao mesmo tempo. A simultaneidade das duas operações podia ser uma bênção mediática mas era uma maldição militar: os meios navais, anfíbios e aéreos que estavam atribuídos a uma delas não podiam ser usados no outro lado. Os britânicos não chegaram a desembarcar 5.000 homens.
Contava-se com a cumplicidade dos 15.000 efectivos das guarnições italianas na fase de ocupação e com o seu empenho na defesa no caso de um contra-ataque alemão (como se veio a registar), mas a atitude daquelas veio a saldar-se, muitas vezes, pela neutralidade passiva. Saltando de ilha em ilha e dispondo de uma superioridade aérea decisiva que lhe permitiu uma vez mais o emprego de tropas pára-quedistas (acima), entre 1 de Outubro e 16 de Novembro de 1943, a Wehrmacht foi conquistando as principais ilhas do Dodecaneso.
De toda a campanha, que deixou mais uns milhares de prisioneiros britânicos em mãos alemãs, numa altura da Guerra em que a iniciativa já pertencia indiscutivelmente aos Aliados, nada se aproveitava para efeitos de propaganda. Nem mesmo mais uma gloriosa evacuação marítima ao jeito das de Dunquerque ou de Creta. O episódio foi discretamente varrido para debaixo do tapete da História – não é evocado. Porém, alguns aspectos dele foram (muito livremente...)recuperados para o argumento do filme Os Canhões de Navarrone.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.