23 junho 2010

AS TRÊS GERAÇÕES DO DECLÍNIO BRITÂNICO

Quis o destino que Jorge VI (1895-1952), Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda e Imperador da Índia (acima), tivesse morrido prematuramente com apenas 56 anos de idade¹. Apesar da extraordinária importância dos acontecimentos que tiveram lugar durante o seu breve reinado de 15 anos, nomeadamente a Segunda Guerra Mundial de onde o seu país e os seus domínios saíram como vencedores, Jorge VI reinou sobre um Império que já se encontrava num processo de decadência inexorável.
Por exemplo, o racionamento, que vigorara durante a Guerra (1939-45), mantivera-se e até se agravara depois dela terminar. O do pão, por exemplo, teve que ser instituído entre 1946 e 1948. Quando Jorge VI faleceu subitamente em Fevereiro de 1952, quase sete anos depois dos dias de alegria da Vitória de 1945, havia escassez e o comércio de carne e de açúcar ainda era racionado. A imagem do Reino Unido da fase final do reinado de Jorge VI é uma imagem de um país estóico, contido, cinzento, parecendo sempre envolto em nevoeiro.
A fotografia abaixo sintetiza os aspectos acima citados. Tirada por ocasião do funeral de Jorge VI, podemos ver por detrás dos véus e da esquerda para a direita a nova Rainha, Elizabeth II, a sua avó e mãe do monarca falecido, a Rainha Mary, e a sua mãe, a recém-viúva, a Rainha Elizabeth. À vista, o ambiente geral é soturno e o luto coaduna-se com o estado do país: estóico e contido. Através da presença das três gerações, depois do apogeu e da perda dos primeiros pedaços do Império como a Irlanda ou a Índia, subentende-se o declínio.
¹ Em contraste, o seu irmão mais velho e predecessor, Eduardo VIII (1894-1972), veio a morrer vinte anos depois dele, com quase 78 anos de idade.

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