30 maio 2010

DE ABRIL PARA MAIO EM PORTUGAL

Conheço múltiplas interpretações da famosa música Abril em Portugal – a versão que aqui inseri é do inesquecível Louis Armstrong. Mas a canção parece-me nitidamente datada. Para os dias que correm estaremos a precisar de uma outra, que se intitularia, de forma mais actualizada, Maio em Portugal. Maio tornou-se a época em que tradicionalmente os dois extremos do nosso espectro ideológico organizam as suas manifestações de massas: a da direita tradicional religiosa em Fátima, e sempre a 13 de Maio; a da esquerda radical religiosa em Lisboa, a começar no dia 1, mas com prolongamentos até ao fim do mês.
A primeira (acima), que este ano contou com a presença de Bento XVI, teve 500.000 pessoas, superando o anterior máximo de 400.000 de 2000 por ocasião da beatificação dos pastorinhos. A segunda (abaixo) superou as expectativas iniciais de 200.000 alcançando a cifra de 300.000 manifestantes, outro record batido. Mas estranho estas estimativas de participantes - dadas pelos organizadores - serem sempre tão redondinhas. Para mais quando, na única vez que vi estimativas deste género comparadas com contagens científicas da multidão, os 1.500.000 manifestantes anti-aborto de Madrid ficaram reduzidos a 55.361Adenda de 17 de Junho: A Lynce, a mesma organização que encolheu em 96% os presentes na manifestação madrilena referida acima, quando em comparação com os números dos organizadores, reduziu em 92% o número de presentes estimados pelos organizadores na missa que foi realizada em Fátima em 13 de Maio.

2 comentários:

  1. Dissemos em comentário anterior que somos obrigados a você por destacar o nosso trabalho e os objetivos que guian a LYNCE: aplicar à sociometria à realidade "imaginada" pelos organizadores de eventos de massa. Queremos valorizar a expressão da opinião da multidao, sem a necessidade de mentir sobre o número de pessoas que se manifestam nas ruas.

    Simplesmente, não tem que ser de um milhão para estar certo. É por isso que os dados não é necessária a publicação de dados de ficção científica.

    Isso é o que fizemos após o Papa em sua recente visita a Portugal. Ver en www.lynce.es

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  2. Como também disse no comentário a que fazem referência, a importância do vosso trabalho é inquestionável e é duplamente incómoda:

    a) para os próprios protagonistas da acção política que criam os acontecimentos e inventam os números inflacionados de participantes

    b) para os encarregados de noticiar esses acontecimentos, a quem competia verificar a veracidade desses números e não o fazem por preguiça e/ou incompetência

    Já fiz uma ligação do meu poste para o vosso site e para o vosso parecer sobre a comparência à missa de 13 de Maio em Fátima: na mais cautelosa das hipóteses os organizadores ter-se-ão excedido uma 12 vezes!

    PS - Também vos quero deixar uma nota de apreço por terem tido a atenção de escrever o comentário em português.

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