12 março 2010

MERITOCRACIA – 2

Quando se lê na imprensa que Manuel Carvalho da Silva disse que Fernando Pinto tem mentalidade do Século XIX, depois do segundo ter considerado que as greves são coisas do Século passado, tudo aquilo parece querer ser uma espécie de bate boca entre pessoas de igual valia, só que de lados opostos da barricada. Creio que só mesmo a mediocridade do nosso jornalismo é que permite que a transcrição desse bate-boca se faça sem que, nem por um momento, os jornalistas se lembrem de pôr na balança uma avaliação dos méritos dos dois intervenientes.
Há por um lado, Fernando Pinto, o brasileiro, que é desde há 10 anos o Presidente do Conselho de Administração da TAP e que aqui chegou vindo da VARIG e rodeado de uma onda de cepticismo quanto aos seus méritos (incluindo o meu...). Porém, a evolução dos resultados da TAP sob a sua gestão pode ser consultada através dos seus Relatórios Anuais desde 2001. Mesmo assim, quando a TAP passou aos lucros, ainda suspeitei - e não fui só eu... - que se trataria de uma daquelas habilidades contabilísticas que se fazem antes de sair do cargo, mas a continuação de Fernando Pinto retirou-me essas desconfianças...
Há, por outro lado, Manuel Carvalho da Silva, que dirige a CGTP-IN, a central sindical dos comunistas, há 24 anos. A CGTP-IN não disponibilizará Relatórios Anuais da mesma forma que a TAP, nem poderemos avaliar o desempenho da organização dessa mesma forma. Mas pode-se ler documentos insuspeitos da autoria de camaradas de partido de Carvalho da Silva, lamentando-se de como a parcela correspondente ao trabalho no PIB nacional tem vindo a diminuir nos últimos 35 anos. Ou então outras informações, concluindo que entre 1985 e 2008 o fosso remuneratório entre mulheres e homens mal evoluiu.
Impressiona apercebermo-nos como esta mediocridade de resultados concretos acaba por não ser contestada socialmente. Ou será que os resultados da actividade de uma central sindical não têm nada a ver com isso? Terão então a ver com o quê? A verdade é que, invocando sempre o santo nome dos trabalhadores em vão, o veteraníssimo Carvalho da Silva especializou-se em bater umas bocas (agora foi com Fernando Pinto, outro dia tinha sido com Silva Lopes), convocar umas Greves Gerais na Primavera e em recusar-se a assinar os acordos de concertação social.
Considerá-los aos dois pratos equilibrados de uma mesma balança é ridículo...

2 comentários:

  1. Carvalho da Silva tem o perfil de Presidente do Conselho de Administração das TAP... no pós-25 de Abril: Comissário Político.
    Fernando Pinto apareceu como alguém que, finalmente, "sabia o que era uma companhia de aviação".
    O tempo é cruel: vinha da "Varig" (RIP!) e, se fez algo pela TAP, também enveredou, nos últimos anos, por acertar alguns valentes tiros nos pés!

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  2. Felizmente temos alguns imigrantes de luxo.

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