08 fevereiro 2010

O FUTEBOL É QUE DÁ AUDIÊNCIAS!

Constou-me que, mesmo aqui na blogosfera, as referências ao futebol podem fazer maravilhas pelas audiências. Havendo neste meio milhentos intelectuais (categoria onde me incluo), tenho que reconhecer que os mais bem sucedidos são os intelectuais da bola ou os intelectuais… com bola. E eu cheio de inveja… Tanta que me decidi a fazer uma incursão nesses relvados de erudição, onde as manadas pastam e ruminam as análises que os intelectuais da dita (bola) lhes servem depois dos jogos… Assim, o meu primeiro caso é o daquele auto-golo bizarro do defesa benfiquista David Luiz em Setúbal (abaixo).
Chamar àquilo jogada infeliz é um daqueles eufemismos que só é possível porque o jogador é do Benfica e este ano está escrito nas estrelas que o Benfica tem de ganhar o campeonato. É o tipo de jogada que se está à espera de ver num daqueles pelados dos Distritais que passam na Liga dos Últimos mas que não são aceitáveis num dos membros de uma equipa de que se quer fazer dela campeã nacional. E o fenómeno só se explica pela contínua especialização de funções, que faz com que um defesa central já não precise de ser jeitoso com a bola; precisa é de ter jeito em a retirar, seja como for, das pernas dos avançados do adversário…
Para não deslustrar das convenções, o meu segundo caso de futebol não tem nada a ver com o futebol jogado. Trata-se da cena de pancadaria que terá tido lugar no aeroporto entre o seleccionador Carlos Queiroz (acima) e o jornalista Jorge Baptista da SIC. Apesar de muito menos conhecido que o contendor, Jorge Baptista é também conhecido por ser uma pessoa muito preocupada com o fenómeno desportivo em geral. Ficou famoso um vídeo seu (abaixo) em que se ouvem as suas preocupações tanto com o sucesso pessoal com as senhoras como também com a higiene pessoal, de João Malheiro¹, que então era então qualquer coisa no Benfica…
Mas a prova que o futebol não seria o fenómeno que é sem uma imprensa desportiva condizente, podemos ver na forma como um jornal como o Público noticia o evento. Sobre o caso, Carlos Queiroz disse ter sido uma troca de palavras mais azedas, uns empurrões, mas não passou disso, considerando que o caso é do foro privado. Já o comentador da SIC disse que houve agressão física: não foram meros empurrões, considerando que Queiroz estava fora de si. E acrescentou que o treinador lhe agarrou o pescoço e lhe deu um murro, depois de o ter provocado verbalmente durante o pequeno-almoço.
Disse ainda o comentador: Hoje em dia, uma pessoa ter uma opinião é um perigo. Se o seleccionador se comporta desta forma, não sei o que poderão fazer um dia os adeptos. Jorge Baptista afirmou ainda que não falou posteriormente com Queiroz, que não vai apresentar queixa e que promete manter os seus comentários: O caso morreu ali e não há mais conversa. Se o caso morreu ali, então, como se lê, terá morrido numa agonia arrastada e, quanto a fins de conversa, não se poderá considerar Jorge Baptista propriamente um lacónico… Se no ter opinião se podem incluir comentários sobre higiene alheia, é pena (um paupérrimo jornalismo de investigação...) não se ficar a saber se não terá havido alguma referência inicial de Jorge Baptista a sabonetes…

¹ - Este Malheiro é que a leva direita! É um mistério, pá! O homem nem toma banho... Não percebo.

5 comentários:

  1. Bom, tendo em conta a capa do jornal desportivo espanhol A Marca, diria que até no estrangeiro se quer ver o Benfica campeão...ou David Luís teve um lance que certamente não se esperaria dele ("momento infeliz" é um termo técnico usado para estas ocasiões).

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  2. Oh João Pedro tem que me explicar o que vinha na capa do tal jornal desportivo espanhol A Marca, que eu aqui apenas fingi passar por intelectual da bola: a profundidade dos meus estudos nem cobrem a imprensa desportiva nacional, quanto mais a estrangeira!

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  3. Bom, precisamente nesse dia uma foto de David Luis cobria a capa do desportivo espanhol, anunciando que era um prioridade na lista de compras do Real Madrid.

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  4. Isso é bom.

    Isso deve ser o Benfica a aprender finalmente com o Porto a promover a sua "mercadoria", naquele estilo inconfundível de promoção que foi aplicado aos Gonzalez, Gomez, Rodriguez e outro quejandos de apelidos castelhanos, "jogadores de eleição" que agora já ninguém se lembra quem foram...

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