23 fevereiro 2010

O ESTILO…

Ontem, a meio da entrevista a José Sócrates no seu novo programa Sinais de Fogo, ouvi Miguel Sousa Tavares dizer …a divida consolidada do Estado já está praticamente nos 100% do PIB… (pode ouvir-se acima, aos 27:30). Ou aquele praticamente tem uma elasticidade como as de Vasco Pulido Valente, o que parece ser improvável dada a pública amizade que os liga, ou então Miguel Sousa Tavares estava a fazer confusão – que não se esclareceu¹ – entre dívida pública, dívida do Estado e dívida externa.
E torna-se quase ternurento quanto se pode ler hoje, nas apreciações a respeito daquela reaparição de Miguel Sousa Tavares na televisão, a opinião que A ideia de que não domina os assuntos, é uma imagem de marca do MST desde sempre. É também um estilo... Talvez seja, mas por aquilo que tenho vindo a observar aqui e ali entre os seus colegas de profissão, esse estilo de mostrar não perceber grande coisa do assunto de que está a tratar não lhe conferirá uma grande individualidade distintiva entre a classe…¹ É evidentíssimo que, se aquela mesma confusão tivesse sido feita por José Sócrates, o erro teria tido todo um outro tratamento jornalístico… Nesta notícia recente e não muito pró-governamental do i pode ler-se que a dívida pública representou 76,6% do PIB em 2009, o número que José Sócrates engoliu para a entrevista e que refere posteriormente.

6 comentários:

  1. Esta galeria de estilistas opinantes é uma verdadeira delícia.
    Qual será o(a) próximo(a)?

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  2. Pois! A galeria é catita. Embora, na minha santa ignorância me pareça que há uns mais iguais do que outros. Mas o que me parece também não interessa nada.

    Ah! Também gostei do "estilistas opinantes" do JRD.

    :)))

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  3. A Galeria comete a injustiça de não ser metódica, pois há jornalistas que cometem erros idênticos senão mesmo piores aos cometidos por aqueles que já lá estão mas não tenho paciência para os seguir: Judite Sousa ou Márcia Rodrigues são dois bons exemplos disso.

    Nesse aspecto, as críticas do Eduardo Cintra Torres serão mais justas, pois ele é pago para vê-los a todos.

    A Galeria não comete a injustiça de ter alguém eleito por qualquer questão de opinião. O que os qualificou para aquele lugar foram asneiradas factuais, nomeadamente episódios de ignorância monumental sobre os assuntos de que estavam a tratar.

    Neste aspecto e passe a imodéstia, as minhas críticas serão mais justas que as do Eduardo Cintra Torres, pois há critérios objectivos associados aos “eleitos”.

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  4. Dívida pública ou dívida do estado são a mesma coisa.

    Na dívida pública consolidada consideram-se as dívidas escondidas - empresas públicas, parcerias público-privadas, empresas intermunicipais - e nesse caso os 76,6% do PIB em que fala ultrapassam em muito os 100%.

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  5. É óbvio que dívida pública e dívida consolidada do Estado não são a mesma coisa, senão não precisaríamos de lhes dar nomes distintos, nem se mencionariam (como foram mencionados) valores distintos para os dois indicadores, o segundo maior que o primeiro.

    No primeiro caso estamos a falar de dívidas assumidas directamente pelo Estado, no outro de responsabilidades assumidas directamente ou indirectamente por esse mesmo Estado. Bizantina que lhe pareça a diferença, produz indicadores diferentes, e o segundo, que não me lembro de ter ouvido a ser usado correntemente, só recentemente se tornou um "sound-bite" político e jornalístico nacional, porque terá atingido os 100%... (http://aeiou.expresso.pt/divida-consolidada-do-sector-publico-representa-100-do-pib=f556407)

    Foi aliás precisamente o que aconteceu na entrevista de Sousa Tavares a José Sócrates...

    Mas nos outros países o indicador da “dívida consolidada do Estado” raramente foi usado, muito embora esses países tenham também enormes “dívidas escondidas” (como lhes chamou). O que é que acha, por exemplo, que mantém a Alitália ou a Air France-KLM a voar?

    Já agora, comparando o que pode ser comparável, certifique-se que, proporcionalmente ao PIB, a nossa dívida pública (76,6%) é ligeiramente inferior à francesa (77,9%) (http://cluaran.free.fr/dette.html) e muito inferior à italiana (105,8%) (http://www.dt.tesoro.it/it/debito_pubblico/_link_rapidi/debito_pubblico.html)

    Olhe que, se quiser estar mesmo bem informado, há muita informação disponível na internet antes de se ser assim disparatadamente assertivo nas caixas de comentários alheias, António da Silva Brandão.

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  6. Exactamente, afinal parece que o MST não estava assim tão equivocado.

    Quando disse que MST «estava a fazer confusão – que não se esclareceu¹ – entre dívida pública, dívida do Estado e dívida externa» pareceu-me equivocado. Ao que disse acrescento ainda este link http://blog.newsweek.com/blogs/wealthofnations/archive/2010/02/19/greece-is-far-from-the-eu-s-only-joker.aspx.

    Continue com o blogue, um dos melhores da blogosfera.

    Cumprimentos de um fiel leitor.

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