01 fevereiro 2024

JOELMA, O CRESPÚSCULO DE UM CERTO BRASIL, OPTIMISTA EM EXCESSO

(Republicação)
Um dos momentos que mais associo simbolicamente ao ambiente de fim de festa que se vivia no Brasil nos princípios de 1974, naquela fase de transição de poder entre Médici e Geisel e com o fim abrupto dos anos de ouro de um crescimento económico de quase 10% ao ano, foi o incêndio que em no centro de São Paulo destruiu o Edifício Joelma causando 179 mortos e 300 feridos. A revista Manchete da época (acima) trazia uma reportagem com fotografias coloridas que destruía o mito dos generais...
Toda a arrogância expressa pelo Regime Militar durante os anos anteriores (e mais o slogan Ninguém Segura Esse Brasil!...) pareceram ter desaparecido naquela manhã de 1 de Fevereiro de 1974, quando se constataram as insuficiências dos regulamentos de construção dos prédios, as carências de equipamento dos bombeiros ou a falta de coordenação das equipas de salvamento, que se saldaram pela morte de 24% das pessoas que estavam presentes no edifício quando o fogo eclodiu.
Dos 179 mortos, houve 40 que morreram ao atirarem-se das varandas para fugir às chamas e ao calor, mas alguns deles fizeram-no paradoxalmente já depois do incêndio se ter extinguido… Um mês depois, a 4 de Março de 1974, Médici inaugurou a ponte Rio-Niterói com 13 km de extensão, uma proeza de engenharia, a segunda ponte mais extensa do Mundo à época. Mas, sobre as capacidades do Brasil, foi a visão do incêndio e dos seus mortos que acabou por marcar a época...

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