31 março 2009

CONVERSAS SOBRE ECONOMIA E SOBRE ENFEITES DE NATAL

Foi interessante ouvir o encadeamento noticioso dado ontem por uma das televisões portuguesas aos acontecimentos associados às tentativas de recuperação financeira da GM. Em primeiro lugar, falou-se da pressão da Administração Obama para afastar o CEO da GM, Rick Wagoner, como condição indispensável para a injecção de liquidez na GM, que só foi concretizada após a sua demissão. Para logo de imediato, numa associação não pode ser inocente, se passar para uma notícia com a interpretação do comportamento da cotação do valor das acções da GM na Bolsa de Nova Iorque: o Mercado não havia gostado da notícia da demissão de Wagoner e as acções da GM haviam baixado 20%...
Este último, é o tipo de comentário que, além de risível, me levaria a ir buscar a fonte original pois não creio que uma redacção típica de uma televisão portuguesa consiga ter a densidade e a ideologia para conseguir pensar aquilo tudo sozinha… Mas também não deixa de ser engraçado constatar como, mesmo nesses outros sítios que produzem aquelas notícias originais, lhes custa perderem os hábitos velhos de anos, daquela época que acabou há pouco mais de seis meses atrás, em que se estava convencido que o emprego da expressão o Mercado parecia constituir um argumento económico e político decisivo, que punha término a qualquer discussão. Onde é que isso já vai! O que o Mercado acha parece já ter saído de moda...
Tomemos precisamente este exemplo da GM e, se o Mercado quisesse dizer alguma coisa, já o devia ter dito anteriormente, porque bem poderiam ter sido o Mercado a financiar as tais dezenas de milhares de milhões de dólares que a GM necessita desesperadamente para a sua tesouraria… Se tais milhões não apareceram até agora, então é improvável que apareçam e o destino da GM e o dos seus accionistas, entregue ao Mercado, estaria traçado… Seria bom que quem escreveu aquele disparate (e quem o trauteia como seu…) se aperceba que a relevância do valor das acções da GM para a sobrevivência da empresa nesta conjuntura é quase idêntica à do colorido das bolas para a sobrevivência do pinheiro depois do Natal…

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