17 novembro 2008

AGRURAS DE GRANDES EDUCADORES

Retrospectivamente, o cartaz acima é um dos mais simbólicos da Revolução*. Não o é apenas pelo ridículo deslocado do endeusamento maoista que é conferido ao dirigente máximo do MRPP, Arnaldo Matos: Grande Dirigente e Educador do Proletariado Português. Também o é pela ousadia de querer dar um destaque especial às capacidades intelectuais do Grande Líder, num país e numa época em que esses atributos não são e não eram particularmente valorizados como forma de propaganda. Por exemplo, só recentemente fiquei a saber que João Martins Pereira foi (mais) um dos destacados intelectuais do MES daquela época, quando ele se tornou momentaneamente famoso, e apenas por ter morrido.
É tudo isso que dá um valor específico ao estatuto de José Pacheco Pereira na sociedade contemporânea. Assim, enquanto no cartaz acima, Arnaldo Matos havia sido preso pelo COPCON e estava detido, deixando o MRPP momentaneamente órfão** de ideias, José Pacheco Pereira também desapareceu de circulação, mas esteve apenas retido em casa por doença, conforme nos explicou no seu blogue. Porém, ele e o seu partido também passaram por momentos de orfandade de ideias quanto à forma como criar argumentos aceitáveis a respeito de diversos incidentes políticos que se sucederam durante o período em que José Pacheco Pereira se defrontou com o seu desentupidor nasal.
É bem possível que José Pacheco Pereira esteja a pagar pela boca e que a sua influência junto da actual direcção do seu partido seja afinal um bluff, com o paradoxo adicional desse bluff nem sequer ter sido criado por si. Só que à custa de tanto ter promovido Manuela Ferreira Leite***, creio que, mesmo convalescente, seja natural que quem o escuta lhe venha agora pedir orientações sobre o que pensar da conduta da presidente do PSD, depois dela ter passado bem ao lado de dois brilharetes em assuntos que seria obrigatório que dominasse bem, já que estão directamente associados às duas pastas governamentais que Manuela Ferreira Leite já desempenhou: a da Educação e a das Finanças.

* E dos mais afixados... Naquele tempo o proletariado era generoso a financiar partidos políticos...
**Poder-se-ia dizer que entre os delfins de Arnaldo Matos havia quem: Oh, Diacho! Achasse que não tinham vindo preparados para aquilo
*** Assim como Artur Albarran promovia o Pepsodent, o da embalagem prateada!…

2 comentários:

  1. Pacheco Pereira é uma espécie de buraco negro da comunicação. Como historiador tem um trabalho bastante sério e válido. Políticamente entra a explodir petardos em todas as direcções, solta os fuzileiros, dá três mortais de costas e... acaba sempre no mesmo lugar. O episódio Ferreira Leite é a velha hsitória da criatura que agora se vira contra o seu criador. Vejamos se JPP admitirá o erro, coisa que nunca lhe vi.

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  2. Há mais! Muitos mais! São tantos, desde Público à Sic, passando pelo Gambrinus e o Pabe, a "marina" de Pedrouços e o estilo "Balenciaga"...

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