10 setembro 2008

SER-SE ESPECIALIZADO

Em meados dos anos 70 apareceram uns livros-choque muito populares a respeito da Segunda Guerra Mundial, que eram da autoria de um dinamarquês chamado Sven Hassel, que pretendia passar-se por um ex-combatente alemão da Frente Leste. Controvérsias à parte, eram uns livros de guerra cheios de acção, mas até mesmo para leigos eles acabavam por tornar-se inverosímeis, porque, na linha da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, tornava-se numa narrativa onde aconteciam demasiadas coisas sempre às mesmas pessoas…
Como é fácil de deduzir, não seriam livros propensos a conter pensamentos filosóficos de grande densidade, mas é de um deles, cujo nome já me esqueci, que extraio um que gostaria de aplicar hoje. Passa-se no seguimento da captura do nosso herói pelos soviéticos (claro que ele acaba depois por se evadir…) e de uma conversa tida com o seu carcereiro, de quem entretanto Hassel se tornara amigo, quando os soviéticos queriam fazer um levantamento entre os prisioneiros para saber as suas qualificações profissionais, para depois as aproveitar nas suas fábricas.

Sven explicou (mentindo) que era um mecânico especializado, porque pretendia sair do campo o mais depressa possível. O carcereiro escreveu então na ficha que ele era especializado e quando o dinamarquês lhe fez notar o preciosismo de ser mecânico, recebeu a tal importante lição de filosofia: Se ele queria sair dali o importante é que ele fosse especializado, não aquilo em que se especializara. Só assim é que se, por hipótese, aparecesse primeiro uma colocação para um torneiro especializado, ele estaria perfeitamente qualificado para o lugar… Pois bem, eu não posso assegurar que seja jornalismo, mas tenho a certeza que é verdadeiramente especializado aquilo que Francisco Almeida Leite costuma escrever no Diário de Notícias à laia de artigos (o de hoje é um excelente exemplo disso) onde, descaradamente serve de correio e porta-voz dos recados e intenções de uma das facções do PSD. Não me compete pronunciar sobre o interesse jornalístico em publicar aquilo daquela forma mas posso apreciar o interesse político em que aquilo seja publicado redigido como está, nas alturas em que o é…

3 comentários:

  1. Car A.Teixeira, peço-lhe encarecidamente que seja menos críptico.

    Sabe, é que as facções no PSD são tantas - quase uma por cada militante - e estão sempre em constante mutação que se torna difícil identificar seja quem for...neste remoinho permanente de facções a nascer, sub facções, etc...

    Dissidente-x

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  2. Eu não posso ter a pretensão de que o Ricardo Costa venha atrás de mim descodificar para o povo aquilo que escrevo, assim como faz sempre que Cavaco Silva ou José Sócrates proferem qualquer discurso.

    Assim, peço encarecidamente a quem tenha lido o poste e não se tenha sentido esclarecido, que leia o próprio artigo e, se mesmo assim continuar na dúvida... só posso sugerir como fez António Guterres: É... é fazer as contas!...

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  3. ...mas sempre posso ir adiantando que apostaria que o Abrupto NÃO é um dos blogues favoritos de Francisco Almeida Leite.

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