05 setembro 2008

A CERIMÓNIA


Por detrás daquela cerimónia que está a acontecer em Angola parece-me que existe uma certa confusão. É que todos os regimes que se pretendem respeitáveis têm de se prestar a uma cerimónia eleitoral de quando em vez. Mas uma cerimónia dessas não pode, só por si, ser sinónimo de respeitabilidade. Como o comprovam, por exemplo, os exemplos da Hungria em 1947 (cartaz acima), ou de Portugal em 1973 (cartaz abaixo), assim acontecerá em Angola em 2008 (ao fundo), porque em qualquer dos casos nunca se terá colocado qualquer dúvida sobre quem seria (e será) declarado o vencedor da cerimónia, e essas certezas não se deveram à eficácia das sondagens… Eleições, como a comunicação social quer designar o que está a acontecer em Angola, para serem levadas a sério, terão de ser uma outra coisa diferente.

A conclusão e as analogias eleitorais que empreguei acima parecem-me implacáveis: se o poder instituído não o pretende pôr em disputa, onde está a democracia do acto? O que distingue Angola do Zimbabué, a não ser as circunstâncias dos resultados terem obrigado o regime Mugabe a ter de mostrar a sua verdadeira natureza? Perante as contradições, vai ser mais engraçado observar como serão os contorcionismos lógicos dos reféns das causas engajadoras, seja os que estão doutrinalmente obrigados a condenar uma das cerimónias acima mas não a outra (é o caso dos comunistas), ou mesmo de quem, tendo a liberdade ideológica de poder condenar as outras duas cerimónias, se sinta obrigado a alocar as suas profundas convicções sobre liberdade apenas à Europa…

8 comentários:

  1. O Eduardo Agualusa diz em todas as entrevistas que os resultados não se conhecem, que tanto podem dar a vitória ao MPLA como à UNITA. Será que ele sabe coisas que nós não sabemos? Pela minha parte, admito que sim.

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  2. Reconheço que ele poderá estar mais bem informado sobre a realidade angolana, mas a questão que coloquei no poste pretende estar adiante disso: aconteça o que acontecer, o MPLA e o presidente vão manter-se no poder.

    Se, num cenário muito remoto, a permanência tiver de ser ao "estilo Mugabe", tanto pior!

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  3. Estive em Angola entre 2 e 24 de Agosto de 2008. Assisti a vários comícios dos vários partidos. Visitei várias cidades. Srs pseudointelectuais, para haver verdadeira democracia existe a necessidade de qualidade política na oposição. Não é assim PSD português? Onde gastou a UNITA o dinheiro que lhe foi disponibilizado pela Lei Eleitoral e quando é que este partido apresentará contas dos seus gastos?
    Então é só o MPLA? Admito honestamente que a Democracia em Angola é ainda insipiente. Peço à oposição que colabore activamente para o incremento da Democracia. Não é só falar... têm de agir! Dinheiro não lhes falta...

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  4. Aqui o Oslobesa foi, viu e, não tendo vencido, explica facilmente a vitória: a culpa foi da oposição, cujos chefes se “abotoaram” com o dinheiro que o governo lhes deu para a propaganda.

    Pode ser de mau gosto, mas vem a propósito desta explicação, aquela anedota racista do tempo da África do Sul do apartheid, em que dois negros que seguiam numa moto foram abalroados por um automóvel conduzido por um branco, tendo ficado muito maltratados…

    Não havia dúvidas quanto à culpabilidade do automobilista, mas os dois negros também foram presos: o pendura, que fora cuspido, por ter abandonado o local do acidente sem autorização e o condutor, que “entrara” pelo pára-brisas do automóvel, por invasão de propriedade alheia…

    Aqui também: os da UNITA perderam as eleições de forma humilhante e a culpa foi deles porque houve quem fizesse batota com o dinheiro que o MPLA lhes deu…

    O que é que um pseudo-intelectual não ganha com estas explicações de gente que “foi ao terreno” e sabe como são as coisas como o Oslobesa?...

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  5. Mais uma vez os pseudointelectuais só percebem aquilo que transcrevem dos livros de verdadeiros intelectuais (obviamente que não me incluo neste ilustre grupo, nem o incluo a si), que dedicaram a sua vida ao pensamento profundo. Você é sinónimo de anedota fácil e representante do portuguesinho nascido no cu da Europa e que normalmente pensa que vale mais do vale. A Unita recebeu muito mais dinheiro do que o PSD consegue angariar nas suas campanhas em Portugal. Colou algumas bandeiras, fez meia dúzia de comícios e quase não se viu. Estou a referir-me que não houve sequer empatia entre o povo e a Unita. E eu estive mergulhado no meio do povo. Daí a grande diferença. Se houvesse uma grande revolta em relação ao outro partido a diferença de votos não teria sido tão grande, apesar da diferença de meios. A referência que fiz aos dinheiros que a Unita esbanjou poderá ser investigada por organizações não governamentais. Os meios que o MPLA utilizou poderão ser também investigados e questionados. Não foi assim que se soube que o ZEDU andava a enriquecer à conta do Estado angolano?. Agora essa anedota rasca e muito batida é típica dum pseudointelectual que passa a vida a escrever baseado na inteligência alheia.
    Tenho casa em Angola e vou visitar a familia com muita frequência. O facto de não ter narrado a minha vivência e conhecimento profundo do momento actual de Angola, não faz a minha opinião menos válida do que a sua que a conhece apenas da boca de outros que escrevem os seus artigos de opinião, seu burro arrogante! Gente como você, nem uma pequena empresa conseguiriam gerir, pois a realidade não se compadesse com verborreia e ser útil à sociedade poderá começar por dar emprego a pessoas como você.

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  6. ... o dinheiro que o MPLA lhes deu? Você é mesmo burro! A Unita aprovou uma Lei Eleitoral que previa o dinheiro que eles receberam. E não foi tão pouco assim. O problema´é que você não conhece África. Não conhece a mentalidade do "preto africano". Sim, porque também há a mentalidade do "preto português". Essa é bem mais subreptícia. Os Europeus que o digam...

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  7. Mais uma vez, e para abrir os olhos a esse burro fica aqui a pergunta.
    Os observadores internacionais não estiveram no terreno a supervisionar o processo de votação em Angola? Algum deles atribuiu a derrota humilhante (como disse esse burro) a fraude por parte do MPLA? Não. O problema é outro e tipicamente africano. O ZEDU é o político "mais velho"! E o MPLA tem centenas de obras em curso para bem de uma já grande fatia do povo, (falta chegar àqueles que ainda estão um pouco distantes do processo de reconstrução). E o MPLA representou o "fim da guerra". A parte vencedora que se reconciliou com a parte vencida. Portanto, podemos confiar em quem tem o grande poder de perdoar(pensa o preto angolano na sua sabedoria de interesses).
    O desiquilíbrio não foi tão sómente aquilo que a sua pobre cabecinha gostou de pensar, sr. a.teixeira(as letras minúsculas veêm mesmo a propósito com a sua grandeza de espírito!).

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  8. Oslobesa:

    Desculpe lá, mas devia ter escolhido entre ser arrogantemente sobranceiro naquilo que me queria explicar ou então ser impermeavelmente obtuso quanto ao que lhe tinha dito. Associados, dão de si uma paupérrima figura pedante mas estúpida, que os seus insultos (“Você é mesmo burro!”), os seus erros de português (“insipiente”?) e a sua sociologia de taberna (o “preto africano” versus o “preto português”…) não melhoram particularmente.

    Que não tenha percebido nada da alegoria da anedota que contei só faz de si uma pessoa estúpida, facto de que não tem culpa. Que faça de mim um “portuguesinho nascido no cu da Europa” quando nada sabe de mim (de facto, nasci em África…) só faz de si um irresponsável pelas afirmações que profere. Mas, que faça generalizações sociológicas pedagógicas tão “sofisticadas” quanto “a mentalidade do preto africano” é que acaba por fazer de si uma pessoa repugnante.

    Tente agora perceber porque não estou absolutamente nada interessado nas suas opiniões (e muito menos nas suas explicações…) sobre o que se passou nas eleições em Angola: porque não valem nada! Podia explicar-lhe recorrendo a alguns casos concretos do que escreveu mas não vale a pena. Apenas lhe digo que nada tem a ver com a frequência com que visita a família. O problema está em si e na sua obtusidade, na sua superficialidade, na sua ideologia.

    Por outro lado, este blogue é meu e não me enternece a ideia de que venha para aqui insultar-me expressamente, tanto mais que, como já lhe disse, nem sequer é pessoa que considere. Claro que é livre de o fazer noutro; se quiser, aproveite o seu ou crie até um blogue expressamente para me insultar. Mas aqui, a conversa está terminada

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