19 março 2008

O CASTOR DO CARLOS CASTANHEIRA

Eu já ouvi falar de Pedro Mexia, embora confesse que não tenha qualquer opinião a seu respeito. Não me sinto em falta por isso. Não me parece que Pedro Mexia seja propriamente alguém tão popular que nem necessite de apresentação. Nem Pedro Mexia terá culpa de ter uns amigos que gostam tanto dele que, por ocasião da sua nomeação recente para subdirector da Cinemateca Nacional, até se dispensaram, aqui nos blogues, de sustentar porque achavam que a sua nomeação se justificava completamente. O resultado, nalguns casos mais exagerados que me calhou ler, teve todo o aspecto de que as virtudes de Pedro Mexia para tal cargo constituirão um tal axioma que dispensam quaisquer outras explicações adicionais.
Felizmente houve quem se tivesse alargado mais sobre o tema, favorável ou desfavoravelmente, dispensando-me daquela antipatia instintiva que me nasce (porventura injustamente) quando as pessoas me são apresentadas como cheias de predicados, tantos que nem é necessário enumerá-los, apenas porque sim!... Afinal, segundo aquelas explicações mais sólidas, Mexia parece reunir características que permitem esperar dele um bom desempenho no cargo, muito embora permaneçam para mim insatisfatórias as explicações que obrigam a que se mantenha no cargo de director quem o escolheu (João Bénard da Costa), que há muito ultrapassou o limite de idade legal para o cargo…
Aparentemente cooptado por quem se agarra assim ao lugar, resta desejar a Mexia que não lhe aconteça o mesmo que a Paulo Teixeira Pinto que acabou pegado com Jardim Gonçalves que aparentemente o havia escolhido como sucessor à frente do BCP… Mas o ridículo destes entusiasmos elogiosos, sem substância explicativa por detrás, fazem-me lembrar o boneco de Baptista Bastos criado vai para uns dez anos por Herman José que, para além da pergunta que o tornou famoso (Onde é que tu estavas no 25 de Abril?), passava as entrevistas a debitar nomes desconhecidos, como se fosse obrigação da audiência conhecer o elenco com pretensões intelectuais que ele frequentava. O mais memorável desses nomes era o Carlos Castanheira, que aparecia (sempre) com o seu castor debaixo do braço
Embora inspirada descaradamente nos tiques de Baptista Bastos, a caricatura era muito mais abrangente e, como se vê, há facetas dela em que permanece perfeitamente actual…

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