23 fevereiro 2008

A BERTA QUE DEU O NOME AOS CANHÕES

Quando, na História da Guerra do Século XX, se fala do emprego da artilharia, o exército que se destacou pelo seu emprego em quantidade foi o soviético; mas o que se destacou pela qualidade do material que empregou foi o alemão. Já aqui se aflorou as descomunais concentrações de poder de fogo (abaixo) que os soviéticos empregavam antes de desencadearem as suas ofensivas durante a Segunda Guerra Mundial.
Pelo contrário, a tradição da qualidade alemã começara já na Grande Guerra anterior, logo em 1914, quando os alemães colocaram em linha um novo obus, com um calibre de 420 mm, especialmente destinado a destruir fortificações. Mas era tão pesado, que depressa se descobriu que era preferível deslocá-lo por caminho-de-ferro. Mas revelou-se tão eficaz que também depressa ganhou a alcunha da dona da empresa construtora: Bertha Krupp.
Embora conhecida em português e inglês por Grande Berta, a alcunha original, criada pelos próprios alemães e também usada pelos franceses, era menos caridosa para com a senhora, traduzindo-se literalmente por Berta Gorda (Dicke Bertha, Grosse Bertha). Por extensão, todas as descomunais peças de artilharia que foram concebidas pelos alemães durante aquele conflito vieram a receber essa mesma alcunha: Grande Berta.
A Grande Berta mais famosa (acima) – apesar dos nomes oficiais de Peça de Artilharia do Imperador Guilherme ou Canhão de Paris– foi um enorme canhão, também transportado em caminho-de-ferro, que foi concebido para atingir Paris a partir das posições alemãs que, quando entrou ao serviço a partir de Março de 1918, com um alcance superior a 120 Km, causou um devastador efeito psicológico junto da população parisiense (abaixo).
Mas o mais paradoxal de todas as histórias destas Grandes Bertas é a da própria madrinha involuntária de tanta arma de destruição que podemos apreciar na fotografia abaixo, juntamente com os filhos. Quando pensaríamos descobrir uma imponente matrona teutónica loura wagneriana a quem só faltariam as tranças, vemos afinal uma senhora não muito bonita mas de pose distinta, qual Cilinha Supico Pinto de uma outra era…

3 comentários:

  1. As coisas que tu sabes! Estou pasmada!As Bertas é que não estarão lá muito lisongeadas. Eu não estaria se fosse Berta, dar nome a equipamento bélico,não cabe lá muito nas aspirações da maioria das pessoas. E convenhamos que a senhora, como tu aliás dizes, até era distinta. Não havia necessidade de lhe fazerem uma desfeita dessas...

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  2. A única Berta que me veio à memória foi a que precedeu a Gertrudes.
    Mas, pasme-se, quando comecei a ler o post lembrei-me logo da Supico.
    É caso para dizer: Eu não acredito em BRUXAS, mas que as há, há (houve)... ;)

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  3. Para mim, Donagata, há nomes femininos que têm uma compleição física intrínseca, como Berta ou Bárbara, que só podem pertencer a mulheres possantes.

    Outros nomes há que têm idades próprias, como a Gertrudes de que fala o JRD. Uma Gertrudes nunca teve 20 anos, assim como uma Inês não pode envelhecer para lá dos 40.

    Mais a sério, não se esqueçam que as senhoras da altura se prestavam a cenas muito parecidas, quando se tornavam "madrinhas" por ocasião do lançamento dos navios à água, onde compareciam com a sua melhor indumentária, para aquela cerimónia de atirar a garrafa de espumante contra o casco, que por vezes não se partia...

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