10 novembro 2007

CHAVEZ: UMA INSOLÊNCIA À MCENROE…

John McEnroe foi um tenista que, no seu apogeu, no princípio dos anos 80, terá sido um dos melhores, senão mesmo o melhor jogador de ténis do mundo. E tornou-se desmesuradamente popular em relação aos seus rivais mais directos, mas não por ser assim tão melhor que eles, antes porque se mostrava em campo de um comportamento imprevisível que não demorou a tornar-se insuportável…
Tanta era a sua reputação que as impertinências de McEnroe se tornaram notícias autónomas dentro da cobertura tradicional dos Torneios de Ténis onde participava: discussões com o árbitro, atirar com a raquete, etc. É algo parecido ao que parece ter acontecido a Hugo Chávez, o Presidente venezuelano, na Cimeira Ibero-Americana a decorrer no Chile, quando vários países apanharam com as suas insolências…
Apanharam a Espanha e o Brasil, a Argentina e o Uruguai também levaram. Segundo dizem as notícias, Portugal safou-se… Em abstracto, devo dizer que a causa originalmente proclamada por Hugo Chávez sempre me pareceu simpática: a de tentar equilibrar a distribuição da riqueza num país como a Venezuela, onde a dimensão (enorme) das assimetrias económicas pode ser sintetizada em imagens simples como esta fotografia aérea de uma área da sua capital Caracas (abaixo).
Mas a bondade dos objectivos proclamados não pode perdoar tudo. O próprio John McEnroe descobriu que as suas atitudes modificaram a sua audiência nos campos, daqueles que iam lá para o apoiar, para aqueles que iam para o ver dar barracada… Com o tempo, também McEnroe parece ter aprendido e hoje, 25 anos passados, tenista veterano e grisalho (abaixo), mostra-se muito mais calmo em campo... Não sei é se a política latino-americana dará esse mesmo tempo a Chávez…
A tradição do continente é que quem comete destes erros de isolamento e arrisca assim hostilidades tão fortes, também corre um risco sério de não chegar a veterano…

Sem comentários:

Enviar um comentário