30 setembro 2007

QUANDO O ORIENTE É VERMELHO MAS VERMELHO MESMO, ATÉ CHATEAR DE TANTA VERMELHIDÃO…

Corria o ano de 1970 e parecia que os maiores excessos da Revolução Cultural chinesa já haviam passado quando a 25 de Abril a agência noticiosa Nova China informava (com a linguagem castiça dos costume…) que a República Popular havia colocado em órbita o seu primeiro satélite artificial recorrendo (e aqui vinha a parte importante da notícia, sobretudo para os militares…) ao emprego de um dos seus novos foguetões, baptizados com o poético nome de Longa Marcha 1.
Depois da torrente ideológica, seguiam-se alguns detalhes técnicos importantes, como a sua órbita, que tinha um perigeu de 439 Km. e um apogeu de 2.384 Km. de altitude, demorando 114 minutos a realizar cada órbita terrestre. Mas o que verdadeiramente impressionava os especialistas era o peso do novo satélite chinês (acima, uma réplica), 172 Kg., o que representava sensivelmente o dobro do primeiro satélite de todos, o Sputnik 1 (84 Kg.), que fora lançado para o espaço pelos soviéticos 13 anos antes.
Aliás, muitos outros pormenores evocavam a disputa ideológica sino-soviética, então no seu auge: o satélite fora baptizado Dong Fang Hong 1 (O Oriente é Vermelho) e, em vez do bip-bip-bip em 20.005 e 40.002 MHz que tornara famoso o seu rival soviético, o satélite chinês emitia em 20.009 MHz o próprio hino O Oriente é Vermelho, levando para o espaço aquele portentoso cântico de devoção maoista, como se ele não fosse já suficientemente chato cá na terra…

Nota Final: O Dong Fang Hong 1 ainda lá está, orbitando a terra. Felizmente calou-se ao fim de um mês. A própria China demorou mais algum tempo a esgotar as pilhas...

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