22 agosto 2007

OUTRAS MANIFESTAÇÕES POR CAUSAS FRACTURANTES (onde não foi preciso estragar nada)

Na cerimónia protocolar de consagração dos vencedores da final da corrida de 200 metros em Atletismo dos Jogos Olímpicos de 1968, disputados na cidade do México, os dois atletas norte-americanos presentes no pódio, o vencedor Tommie Smith (19,83*) e o vencedor da medalha de bronze John Carlos (20,10), reagiram da forma que se vê mais abaixo quando as bandeiras foram içadas e o hino do seu país (Star Spangled Banner) foi tocado.
O gesto foi de uma eficácia tremenda, porque transmitido pela televisão em directo para quase todo o mundo próspero que seguia os jogos, e um enorme embaraço mundial para os Estados Unidos, porque o conteúdo de protesto racial no gesto dos dois atletas era inequívoco para qualquer telespectador. Usando as próprias palavras de Smith, se ganhar sou um americano, não um americano negro, mas se algo corresse mal, então diriam que sou um preto…**
A importância do impacto do gesto (os dois atletas foram banidos dos Jogos, de regresso aos Estados Unidos foram votados ao ostracismo e receberam ameaças de morte dos radicais do Ku-Klux-Klan), forçou os defensores da causa a reconstituírem-na com requintes míticos que nunca existiram. Assim Smith levantara a punho direito com a luva simbolizando o Poder Negro enquanto Carlos levantou o esquerdo em representação da Unidade Negra

A verdade é bem mais prosaica: só havia um par de luvas…

* O atleta estabeleceu um novo recorde mundial da distância nessa final: 19,83 segundos.
** Em português, ao contrário da língua original, a expressão preto (black) é mais depreciativa do que a expressão negro. As palavras originais são: If I win I am an American, not a black American. But if I did something bad then they would say 'a Negro'. We are black and we are proud of being black. Black America will understand what we did tonight.

2 comentários:

  1. Ao que parece, e segundo um especialista alemão em assuntos de doping, os próximos Jogos Olímpicos vão ser os mais sujos de sempre.
    O doping no atletismo é mais grave ainda do que no ciclismo e no futebol.
    Aliás, no futebol, praticamente não há, é só chá.

    Para quando um apito Pastilhado?

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