28 julho 2007

OLHAR O MUNDO… EM LIBERDADE!

Tenho seguido com simpatia o esforço desenvolvido pela jornalista Márcia Rodrigues para criar um programa prestigiado sobre relações internacionais destinado a passar nos canais marginais da RTP (RTP 2, RTP N, RTP Internacional e RTP África), chamado Olhar o Mundo. Previsivelmente, apesar de um bom programa, também pelas horas a que é emitido, não será um campeão de audiências, nem mesmo em programas do seu género.
Mas será por esse seguimento que a notícia da entrevista feita ao embaixador do Irão por uma jornalista mascarada toma para mim outra importância ao saber que a referida jornalista da RTP ali mencionada é precisamente Márcia Rodrigues. Tendo-se mascarado, ou Márcia Rodrigues o fez de livre vontade, ou tê-lo-á feito por imposição da embaixada. E o comentário para qualquer dos dois cenários não é simpático para ela...
Mesmo assim, ainda prefiro a segunda hipótese, embora a sua devoção ao acto de informar não a devesse fazer esquecer que o entrevistado será, muito provavelmente, figura pouco importante, um mero embaixador destacado para um país secundário da Europa. Há que lhe lembrar que o simétrico (um embaixador ocidental em Teerão forçasse uma sua homóloga iraniana a vestir-se com roupas ocidentais) pareceria uma coisa inadmissível?
Cómico seria pensar em obrigar Ahmadinejad a usar gravatas roxas quando discursasse na ONU ou obrigar os Ayatollahs a cortar a barba e a vestirem à civil quando viajassem para o Ocidente… Deplorável será se Márcia Rodrigues tomou a decisão de se mascarar de odalisca preventiva e unilateralmente. Nesse caso, deixem-me demonstrar o desapontamento de me parecer que então ela não percebeu nada da essência dos assuntos que costuma abordar no seu programa…

Pelo lado positivo, há sempre que considerar a hipótese de que a audiência do programa de Márcia Rodrigues aumente por aí acima depois da polémica à volta desta entrevista. Tratar-se-á é de uma audiência diferente daquela que ela tem tentado conquistar até agora. Mas para lhe ver o efeito, basta que, para contrastar com o trajo coberto que usou na embaixada do Irão, Márcia Rodrigues se disponha a entrevistar o embaixador norte-americano em biquini…

5 comentários:

  1. Este artigo está, quanto a mim, simplesmente genial.
    Agora temos de pedir desculpa por
    sermos livres?
    Vá lá que os americanos e britânicos ainda não se lembraram disso.
    Mais uma vez endereço as minhas felicitações ao autor daquele que é certamente um dos meus blogs favoritos.

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  2. Desculpe, por acaso não é o João Moutinho do Sporting?

    Não se zangue, já sei que passam a vida a dizer-lhe esta graçola, mas não resisti a esta entrada primária, sem bola, a merecer (pelo menos) um amarelo...

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  3. Mas, já agora, uma observação. Outra.
    Ao assinar assim, está a expor-se.
    Como se diz na terra do Astérix, vous l'avez bien cherché...

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  4. Agradeço o seu elogio, João Moutinho, provavelmente excessivo quanto à genialidade do poste. Confesso-lhe até que, à distância, poderá pecar pelo excesso, que atribuo ao meu embaraço instintivo por ver alguém, mesmo à distância de um ecrã, a fazer uma tão triste figura mascarada...

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  5. Chamo-me João Moutinho gosto muito de jogar futebol e sou do Sporting, só que ao contrário do João Moutinho que o "carteiro" refere não tenho jeitinho nenhum para o dito jogo.

    Não me zango com essa graçola mas zango-me com aquelas de dizer que temos de negociar com assassinos que cometem crimes de uma fúria destruidora em nome de Algo que afinal são os primeiros a negar.

    Atiram-se às canelas e se nos queixamos ainda levamos mais, de forma que o melhor é dialogarmos e se o árbitro o expulsa é um imperialista neocon ou outra coisas qualquer. Se bem que o árbitro tmabém não seja santo algum.

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