11 dezembro 2006

O TAMANHO DO UMBIGO – 2

Uma daquelas situações em que qualquer observador externo não precisa de grandes explicações para compreender o que se está a passar acontece quando alguém puxa deliberadamente o tapete a outrem. E não há explicações adicionais que alterem o facto, quando muito poderão suscitar ainda mais reservas quanto às causas que estarão por detrás do gesto.

E, se se confirmar, como se afirma neste blogue, que se alteraram as condições que permitem a presença de José Sá Fernandes em palco no programa Prós & Contras desta noite na RTP, depois da controvérsia de ontem, então parece evidente estarmos perante uma dessas manobras súbitas de remoção do tapete a Fátima Campos Ferreira que se reflecte no prestígio do próprio programa a que dá a cara.

Apesar de toda a controvérsia à volta de um programa que trata de temas controversos, o Prós & Contras sempre conseguiu evitar o formato bocejante dos delegados devidamente homologados dos partidos políticos com representação parlamentar que vão à televisão emitir, canonicamente, as posições oficiais dos partidos que representam.

O que torna difícil a presença naquele programa de figuras como Nuno Melo, António José Seguro ou Bernardino Soares é o facto de nele se privilegiar o debate das ideias sobre um tema que, como já por diversas vezes aconteceu, é muitas vezes transversal aos partidos políticos, como se percebe pela frequente presença de colegas de um mesmo partido defendendo posições antagónicas sobre o mesmo tema.

A polémica do palco para Sá Fernandes é apenas o lado cénico da questão. Ele tem razão quando considera não ser menos do que os vereadores de outros partidos menos votados, mas a mesma razão (adicionada à mesma inflexibilidade e falta de senso de que Sá Fernandes parece dar mostras) pode levar a que PS e PSD insistam para que seja toda a sua vereação a comparecer em palco - para se distinguirem dos partidos mais pequenos...

Houvesse assim tanta importância nestes aspectos folclóricos, então, cingindo-me mais uma vez apenas ao último programa transmitido, a produção poderia ter lá deixado uma cadeira vazia a evidenciar as recusas mais do que prováveis aos convites feitos a Severiano Teixeira e a Paulo Portas. E a Força Aérea também deveria ter reclamado porque o palco comportava apenas um general (do exército) e um almirante…

Mas o que parece cada vez mais suspeitosamente recorrente serão as ocasiões em que este mesmo programa se vê metido em alhadas sem que, numa esmagadora maioria das vezes, estas tenham a ver directamente com os conteúdos que lá se discutem – e se eles são propensos a isso... Uma mente menos caridosa poderia sugerir que há quem queira acabar com um programa daquele formato.

E, mais uma vez, como acontece aliás com o figurino dos temas e dos convidados do programa, a haver suspeitos, eles não serão todos de um mesmo partido político, será antes (mais) uma questão transversal aos partidos. Sendo o Prós & Contras um programa de debate de ideias, é mais do que provável que em todos eles existam aqueles que não gostam da actividade talvez porque não tenham sido favorecidos pela natureza para a sua discussão…

Resta-nos desejar que, esta noite, para bem do programa e como acontece com qualquer actor consumado, José Sá Fernandes se sinta verdadeiramente inspirado pela sua presença em palco, e se supere em diversas intervenções oportunas, interessantes e certeiras, com uma qualidade e relevância em que tenhamos a certeza que ele nunca conseguiria produzir a partir de um assento da plateia…

4 comentários:

  1. Concordo! Fiz um post sobre o mesmo assunto!

    ResponderEliminar
  2. No lugar dele, tinha metido uma “providência cautelar”!

    Cautela e caldos de “galinho”...

    ResponderEliminar
  3. Sá Fernandes não pode queixar-se de falta de palco, visto que, minutos antes, Mário Crespo lhe estendeu o tapete na SIC Notícias.
    A título de curiosidade, a nossa impetuosa Fátima usou a palavra "governança" uma vez, mas logo se terá arrependido e emendou (várias vezes) para "governação".
    Quanto ao Dr. Sá Fernandes, talvez acabe a apresentar, com estridência e vibração, os espectáculos de circo da Teresa Ricou...

    ResponderEliminar