19 outubro 2006

TV NOSTALGIA – 18

Uma das ocasiões em que me apercebi mais frontalmente do choque de gerações aconteceu quando tentei explicar aos meus filhos que, na minha infância e juventude, a televisão era a preto e branco, com um canal mais um adicional de bónus. E a escolha fazia-se, não entre que canal ver, mas entre ver ou não ver televisão…

Devem ter posto a mesma expressão de incompreensão que eu devo ter feito quando, por sua vez, me explicaram a beleza de ouvir os relatos dos jogos de hóquei em patins na rádio e a surpresa da minha mãe quando, ao vivo, descobriu que o árbitro afinal não usava patins… A minha mãe também não poderia conceber o que seria viver sem electricidade em casa…

Adivinhando o que foram os choques da instalação da electricidade, da compra do primeiro rádio (enorme, de válvulas, em casa dos meus avós…) e da primeira televisão, pude presenciar o frenesim que acompanhou a compra e instalação da TV a cores, acompanhada da promoção que a RTP fez do evento e da forte campanha publicitária que todas as marcas de televisores promoveram na altura. Por uma época, os detergentes perderam o protagonismo.
Desde aquela época, sempre me intrigou a falta de lógica subjacente à promoção, em anúncios televisivos, de uma qualquer televisão a cores, gabando-lhe o rigor da imagem e o realce das cores no ecrã da referida televisão tão gabada. Ora como nós estamos a ver o anúncio numa televisão activa, será com o rigor de imagem e o realce de cores (se as houvesse…) da televisão em que vemos o anúncio que apreciamos as imagens que passam no pseudo-ecrã do anúncio…

Mas, sendo a concorrência forte e densa – a um anúncio da Philips, sucedia-se um da Grundig, depois de um da Sony e de outra da Salora – houve quem não se desorientasse numa época em que a predisposição para o consumo ia todo para as (caras) televisões a cores. Lembro-me de um anúncio televisivo aos despertadores Peter cuja mensagem forte era: Despertadores Peter sorteiam televisores a cores!...

3 comentários:

  1. Era o princípio de Peter...

    A propósito de electricidade, ouvi há minutos que o Governo se prepara para legislar contra-relógio e contra a ERSE, a tal entidade que regula (????) os preços da energia.
    Disseram que a nova lei reduzirá para menos de metade o aumento do custo da "luz".
    Se assim for, teremos o Governo a dizer publicamente que a ERSE é incompetente ou desonesta.
    Se não for ambas as coisas.

    Já agora, quem precisa desta ERSE?
    Só se forem os administradores, não nós os administrados ou (mal) regulados...

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  2. As televisões Salora!
    Ora aqui está uma memória que eu tinha perdido. Será que essa marca ainda existe?

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  3. Ainda existe Rantas! Vai ao Google e hás-de descobrir que o estilo dos anúncios da Salora perdura: só loirinhos e loirinhas! Era como o sabonete Nordika, o "perfume dos pinheiros dos bosques da Noruega"!

    Se calhar, foram estas fantasias, mais a social-democracia sueca que afectaram a juventude de Sócrates e lhe criaram estas fixações com a Finlândia...

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