04 outubro 2006

TV NOSTALGIA – 14



O meu primeiro ídolo televisivo era aquele boneco à esquerda, chamava-se Dói-Dói, pretendia ser um cão, tinha uns diálogos bem conseguidos mas uma expressividade muito limitada (nos momentos de angústia punha as patas de cada lado da cabeça, escondidas pelas orelhas compridas), para não falar do detalhe da expressividade fisionómica, onde rivalizava com a cara do sarcófago do Tutankhamon…

O Dói-Dói aparecia num programa Passatempo das Cinco, que passava ao Sábado, à hora referida, cuja música – de tipo circense - do genérico ainda recordo e tinha uma apresentadora, um momento de ginástica (?) para os putos e onde já aparecia um puto a apresentar umas partes chamado… Júlio Isidro. Como ícone e como recordista omnipresente na RTP, qual Sousa Veloso, qual quê!...

Deve ter sido dali que fiquei com o hábito de eleger bonecos como ídolos televisivos (basta reparar na figura que ilustra os comentários do Herdeiro…) Os Marretas (Muppet Show) parecem-me ter sido uma espécie de ovo de Colombo, ao criar-se um programa cómico e de variedades com bonecos, mas dedicado ao público adulto. Como tal, as personagens tinham que ter uma inesperada densidade psicológica (para bonecos…).

É curioso como a grande maioria dos espectadores da série acabou por desenvolver maiores simpatias por esta ou aquela personagem (Cocas, Miss Piggy, Fozzie, Gonzo, etc…), num género de escolha que normalmente era múltipla (gosto deste e deste e mais deste) e que podia dizer muito mais sobre a personalidade do espectador que os escolhia do que propriamente sobre a dos bonecos, necessariamente simples...

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