04 maio 2006

ROSA CASACO

Considero Rosa Casaco um misto de travo intelectualizado entre as histórias do Dr. Joseph Mengele e a de Fátima Felgueiras. Mengele porque Rosa Casaco, como o médico alemão, é responsável por um assassinato. Felgueiras porque, como a distinta autarca, tem andado a gozar com a justiça portuguesa. O condimento intelectual é adicionado pelo seu livro de memórias, publicado e vendido no país cuja justiça anda há uma data de tempo a persegui-lo.
De facto, nem Felgueiras matou ninguém, nem Mengele teve a ousadia de zombar dos aparelhos judiciais que o perseguiram. E nenhum deles teve a ousadia de facturar uns direitos de autor à conta da publicação da sua história, embora desconfie que isto tenha sido uma iniciativa que não tenha escapado à arguta autarca brasileira.

Sendo nós portugueses um povo de gajos porreiros, com um ex-presidente que é um porreiraço, emociona-se, chora e tudo (Jorge Sampaio), um procurador-geral do mais porreiro que há (Souto Moura), que só chateia as pessoas quando tem mesmo de ser, é para mim um embaraço enorme que seja um escritor humorístico, do grupo dos porreiros profissionais, como Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje, que nos relembre a desfaçatez da publicação das Memórias do Meu Tempo da autoria de Rosa Casaco.
Eu bem me recordo de um comentário irónico antigo que dizia que já não havia rapazes maus: o Padre Américo tinha-os tomado a todos sob a sua protecção. Com os PIDES também passou a ser assim? E quem os tomou sob a sua protecção?

Porque, parece que me começo a aperceber das verdadeiras razões do enfado de certos intervenientes em certos escândalos recentes que resultam da inoperacionalidade judicial. O que deve ser novidade e os incomoda deve ser a exposição mediática com que agora se nota que escapam impunes...

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