29 maio 2006

OPERARIOS, CAMPONESES, SOLDADOS E MARINHEIROS!

É com um certo saudosismo onde se mistura o nostálgico e também o escarninho que se lêem estas proclamações grandiloquentes de Maio e Junho de 1974 onde, antes do PREC arrancar, todos estavam a fazer um curso intensivo de cultura e vocabulário político - revolucionário, de preferência.

Esta aqui, mais exaltada e estilizada do que o habitual, tresandava a MRPP*, e onde se nota que os redactores conheciam muito bem - possivelmente das suas leituras - as vicissitudes da revolução russa de Outubro de 1917, mas não sabiam observar a realidade social que os rodeava.

Mesmo atrasado, a força de trabalho do Portugal de 1974, já se distribuía quase na mesma proporção pelo sector primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário (serviços). O mesmo para as Forças Armadas, onde para além do Exército e da Marinha, já havia sido criado o ramo da Força Aérea…

Enfim, nem tudo mudou… Continua a haver um Portugal político e um Portugal real, que segue o primeiro a uma distância respeitável. Que, por exemplo, está à espera da legislação regulamentadora que possa tornar concreta a aplicação das reformas à lei das rendas, anunciadas há tanto tempo, que o Portugal político já se esqueceu do assunto…

* Tenho de vos confessar a minha deficiência olfactiva: aquilo que tresandava a MRPP..., não era MRPP.Veja-se a caixa de comentários.

1 comentário:

  1. Há que reconhecer quando encontramos alguém que claramente parece demonstrar saber do que está a falar.

    O MRPP bem pode estar inocente da autoria deste apelo a uma sociedade de 1917, que não durou 57 anos.

    O comunicado está assinado pelo CARP (M-L) (Comité de Apoio à Reconstrução do Partido (Marxista-Leninista)) o que mais iliba (além de todos os outros fundamentados argumentos apresentados no comentário anterior)o MRPP do autismo sociológico ali demonstrado.

    Alguns iniciados ainda sabem que era o MRPP que queria REORGANIZAR o Partido (com o MRPP) e que era a UDP que o queria RECONSTRUIR (com o PC(R)).

    O emprego da palavra reconstrução põe definitivamente o ónus da culpa provável na organização de Jorge Coelho e José Manuel Fernandes, ilibando a de Ana Gomes e Durão Barroso.

    Pelo lapso, as nossas desculpas. Aos esclarecimentos do estrangeiro, os meus agradecimentos.

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