07 janeiro 2006

O EX-MINISTRO QUE DEVE TER PERDIDO ALGUMAS AULAS NA FACULDADE

É a este senhor da fotografia, Carlos Tavares, que costumo rogar regularmente umas pragas, cada vez que vou abastecer o carro. A ele devo o facto de os mostradores da bomba se mexerem da forma que o fazem.

Quando Carlos Tavares foi ministro da economia do governo daquele senhor que esteve em Portugal em trânsito para o estrangeiro, foi o responsável pela implementação de uma medida que anunciou pomposamente: a liberalização do preço dos combustíveis.

Anunciada dessa maneira, devíamos ter ficado todos contentes, até parecia que a medida era favorável aos consumidores, com as distribuidoras e as gasolineiras a baixarem os preços para atraírem a clientela. Mas isso seria o que aconteceria num mercado em concorrência perfeita – a essa aula Carlos Tavares deve ter ido.

Só que o mercado da distribuição dos combustíveis tem uma meia dúzia de operadores, onde, por isso, se aplicam as regras de formação de preços de um oligopólio – no dia em que essa aula foi dada, Carlos Tavares deve ter feito gazeta. Em síntese, o que isso quer dizer é que, havendo poucos produtores, torna-se fácil explicita ou tacitamente chegar a um preço que os beneficie a todos em detrimento dos consumidores.

A prová-lo, poder-se-á verificar o histórico da evolução dos preços dos combustíveis quando em comparação com os da matéria-prima de origem (petróleo) desde a famosa liberalização. Sucinta e sinteticamente: quando o preço do barril de petróleo sobe, o do combustível sobe, quando o preço do barril de petróleo desce, o do combustível… não sobe. Por isso, caro leitor, já sabe a quem agradecer: o mercado dos combustíveis está muito mais livre e a sua carteira está muito mais leve.

Recentemente, parece que Carlos Tavares foi escolhido por Teixeira dos Santos para lhe suceder à frente do órgão de fiscalização da Bolsa de Valores. Considerando as preocupações sociais que Carlos Tavares deu mostras na sua anterior passagem pelo executivo, não me surpreenderia nada que amanhã houvesse lugar a uma liberalização da distribuição de dividendos:

Os grandes accionistas recebê-los-iam, os pequenos… não.

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